El Niño castiga Índia e ação brasileira sobe 20%; recomendação é de compra

O movimento de alta ainda não foi suficiente para reverter as perdas do mês, mas reflete a visão de que empresas ligadas ao negócio do açúcar se beneficiam de uma visão mais construtiva em relação ao preço da commodity. A notícia de que a Índia vai proibir exportações de açúcar para conter a escassez no mercado interno geraram ganhos nas últimas sessões a empresas do setor.

“O El Niño é um fenômeno climático que tende a causar temporada de seca em países asiáticos e favorece o aumento de chuvas no Sul e no Sudeste brasileiro”, diz o analista Ricardo França, da Ágora. “O que temos observado é que as condições globais para produção de açúcar estão mais apertadas”, afirma.

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Os analistas da Ágora Investimentos e do Bradesco BBI revisaram as estimativas para o papel, com o preço-alvo ando de R$ 10 para R$ 12, sugerindo um potencial de ganho de mais de 40%. As ações da JALL3 eram negociadas na manhã desta terça-feira (28) a R$ 8,50, mesmo patamar do fechamento do dia anterior.

Os analistas também mudaram sua recomendação para a São Martinho (SMTO3), outra empresa com exposição ao açúcar, prevendo desempenho acima da média.

Etanol tem forte relação com gasolina

Outro fator que beneficia as empresas ligadas ao setor sucroalcooleiro é o preço do petróleo, hoje negociado na casa dos US$ 80 a US$ 85. “O reajuste dos preços dos combustíveis realizado pela Petrobras (PETR3; PETR4) impacta positivamente o setor, uma vez que o etanol tem uma forte correlação com o preço da gasolina. Com o cenário mais favorável, as ações das sucroalcooleiras vem performando bem”, diz João Abdouni, analista da Levante Corp.

De uma forma geral o bom humor dos analistas com a JALL3 tem relação mais direta com o cenário positivo. Mesmo ficando em segundo plano neste movimento de alta, a trajetória da companhia também agrada aos analistas.

Operação da companhia

A Jalles Machado é uma empresa voltada para o mercado doméstico. A empresa adquiriu recentemente a Usina Santa Vitória (MG), o que comprometeu seu retorno sobre o capital investido (ROIC) no curto prazo, abrindo boas expectativas sobre os resultados à frente. “A aquisição deve aumentar em pelo menos 20% as receitas da companhia”, diz Abdouni.

Ronaldo Candiev, gestor de portfólio de crédito privado da BRZ Investimentos, reforça a análise positiva da companhia lembrando que desde sua Oferta Pública Inicial (IPO), em 2021, a empresa tem demonstrado êxito na implementação de seu plano de expansão.

A estratégia envolve aquisições estratégicas, como a de um moinho de etanol no ano ado, e crescimento orgânico. “Do ponto de vista de crédito, a Jalles é considerada uma empresa robusta, detentora de ativos de alta qualidade”, diz Candiev.