Representantes do G20 no Rio de Janeiro (Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil)
A reunião do G20, fórum de cooperação econômica internacional que aconteceu este mês no Rio de Janeiro, abordou temas importantes para a diminuição da desigualdade no mundo, especialmente o financiamento internacional de políticas regionais e a necessidade de ofertar emprego e condições para o empreendedorismo. Pela primeira vez, pessoas que realmente sofrem com a desigualdade no dia a dia puderam participar de debates por meio do G20 Social.
Mas ainda houve pouco destaque para a educação financeira, seu papel transformador e seu impacto na sustentabilidade, já que trabalha a gestão de recursos e o consumo. Políticas públicas de o à renda, educação e conectividade foram citadas e são essenciais para a transformação social que precisamos, mas devem caminhar junto ao conhecimento financeiro, pois é ele que garante a autonomia no longo prazo.
A Declaração de Líderes emitida ao fim do fórum diz que “a Aliança defende estratégias reconhecidas, como transferências de renda, desenvolvimento de programas locais de alimentação escolar, melhoria do o ao microfinanciamento e ao sistema financeiro formal e de proteção social, entre outras estratégias que podem ser adaptadas às circunstâncias nacionais de cada país”.
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Destaco o pilar de melhoria no o ao microfinanciamento e ao sistema financeiro formal, que precisa estar alinhada à educação financeira. Afinal, em uma adaptação livre à polêmica frase sobre programas assistenciais, não acho que devemos apenas ensinar a pescar, sem dar o peixe. Mas também não acredito que seja sustentável só dar o peixe, sem ensinar a pescar.
Precisamos inserir os peixes no rio, dar os equipamentos necessários para pescá-los e ensinar as pessoas a fazerem isso. Essa terceira etapa, que considero ainda atrasada no Brasil, é o que fazemos na Multiplicando Sonhos, quando vamos até as escolas e ensinamos sobre finanças pessoais e empreendedorismo para jovens das classes C e D. Muitos, quando chegamos, mal conhecem o termo “educação financeira”.
O que quero dizer é: não podemos negar que ainda há um longo caminho pela frente para que possamos garantir o o de todos a oportunidades econômicas e sociais, especialmente em locais distantes dos grandes centros. Mas é inegável também que hoje muitas pessoas em situação de vulnerabilidade já têm o ao banco e a recursos para desenvolvimento profissional, como as cotas e bolsas em universidades.
Por que, então, continuamos distantes de resolver o problema da desigualdade?
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Para mim, a chave está na falta de o à informação na base – especialmente, à informação de qualidade, checada e com mentoria. Apesar de muitos já terem o à universidade por meio das cotas e ao microcrédito para empreender, por exemplo, grande parte ainda não sabe como, de fato, ar esses recursos.
Alguns mal sabem que eles existem ou, quando sabem, não têm a capacidade de planejamento e a inteligência psicoemocional necessária para seguirem essas trilhas. Já conversei com alunos que aram em uma universidade pública, mas consideravam desistir da vaga porque não tinham planejado financeiramente a ida até a cidade do campus, nem a permanência no local até que as bolsas de auxílio fossem liberadas.
Por isso, precisamos avançar no o à informação de qualidade e à educação com orientação personalizada, que faça sentido aos jovens de cada região e classe social. Só assim avançaremos, de fato, no combate à desigualdade.
É dever de todos criar instrumentos que possibilitem que os jovens tenham um ponto de partida mais homogêneo, com oportunidades igualitárias. A educação financeira e empreendedora deve ter linguagem simples, ível e que reflita a realidade dos jovens, para que eles desenvolvam a habilidade de gerir seus recursos e criar planos.
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Além disso, é importante entender que o o a bons empregos é fundamental, mas o empreendedorismo é o principal instrumento de combate ao desemprego. Afinal, crises econômicas e demissões sempre podem acontecer. É a renda extra e a capacidade de se reinventar que geram maior segurança.