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(Jena McGregor/The Washington Post) – Quando Christine House estava tentando conseguir um emprego em uma empresa de tecnologia no ano ado, ela não recorreu à sua rede de contatos ou ao LinkedIn. Em vez disso, ela ficou surpresa ao encontrar conselhos de carreira no TikTok, a rede social conhecida principalmente pelos peculiares vídeos de dança da geração Z.
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“Entrei no TikTok apenas para ficar de olho na minha sobrinha de 12 anos”, disse Christine. Mas ela foi atraída pelos vídeos, “com os quais se identificou bastante”, do TikTok que apareceram em seu feed de Tessa White, uma coach de carreira com 186.000 seguidores – e acabou contratando-a para ajudá-la a se preparar para as negociações e entrevistas de emprego.
“Nunca havia pensado em contratar um coach de carreira até ver os vídeos dela”, disse Christine.
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O TikTok, bastante conhecido pelos vídeos de 15 segundos de skatistas bebendo suco de cranberry, desafios de dança em grupo e receitas de macarrão com tomate e queijo feta ou bacon de cenoura, está ganhando força rapidamente no ecossistema de busca de emprego em um momento em que a taxa de desemprego continua alta, uma nova geração procura seus primeiros empregos e o isolamento causado pela pandemia leva a horas de uso das redes sociais.
De propriedade da ByteDance, com sede em Pequim, o TikTok diz que não acompanha dados sobre o crescimento de seu número de criadores de conteúdo relacionado à carreira. Mas a empresa disse que a hashtag #careeradvice (conselho de carreira) ganhou bastante força nos primeiros meses de 2021, chegando a mais de 80 milhões de visualizações de vídeo por dia em meados de fevereiro.
A empresa agora está impulsionando vídeos relacionados à carreira sobre dicas de entrevista ou qualificações profissionais, junto com outras áreas de conteúdo de “como fazer”, como receitas, conselhos financeiros, habilidades matemáticas e vídeos caseiros de “faça você mesmo”. Em 2020, a empresa anunciou um Fundo de Aprendizagem Criativa de US$ 50 milhões, que oferece apoio ao conteúdo educacional.
“Queremos que as pessoas recorram ao TikTok não apenas para entretenimento, mas para aprender algo novo, adquirir uma nova habilidade ou simplesmente se inspirar para fazer algo que nunca fizeram antes”, escreveu a empresa em um anúncio de junho de 2020. “As pessoas já estão fazendo isso e é uma tendência que queremos apoiar e acelerar.”
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Kate Barney, chefe de recursos humanos da TikTok-Global Business Solutions, América do Norte, disse que os empregadores estão começando a usar a plataforma para recrutar estagiários ou funcionários. A HBO teve mais de 300 inscrições para um estágio de verão no ano ado usando a hashtag #HBOMaxsummerintern, disse Kate, e a marca de roupas Hollister fez parceria com o TikTok em um vídeo promocional da cantora Montana Tucker para encorajar candidaturas para uma vaga de emprego na mídia social. Os candidatos foram convidados a postar um vídeo com a hashtag #HCoHireMe que “tornou a seleção mais interessante ao fazer uso de comédia, gráficos e transições incrivelmente boas”.
A Contra, uma nova plataforma de emprego para trabalhadores autônomos, disse que entre 80% e 90% de seus usuários da geração Z chegaram por meio de suas contas no TikTok ou no Instagram Reels, que publicam conteúdo sobre anúncios de empregos, trabalho remoto e estágios. O TikTok, disse Ben Huffman, CEO da Contra, “não é apenas a última moda de dancinhas. É sobre como faço para conseguir um emprego remoto? O que vou fazer depois de me formar? Está melhorando cada vez mais”.
Leah Sorto, 23 anos, disse que recorreu ao TikTok enquanto procurava emprego no ano ado. Os criadores de conteúdo que ela seguiu a ajudaram a perceber erros com seu currículo – torná-lo visualmente mais agradável com ferramentas de design gráfico como o Canva impedia que os sistemas de rastreamento de candidatos o lessem -, assim como praticar para perguntas de entrevistas, como a melhor coisa a se perguntar ao contratar gerentes, diga: “Bem, o que você quer me perguntar?”.
Ao participar de uma entrevista para seu emprego atual em uma imobiliária em Charlotte, Leah se lembrou de uma pergunta que ouvira no TikTok, perguntar sobre a coisa mais valiosa que o entrevistador aprendeu no emprego.
“Ela olhou para mim pela tela enquanto falávamos pelo Zoom e disse: ‘Nunca ouvi essa pergunta. É muito boa, mas também quero que você saiba que pretendo roubá-la [e usar também]'”, disse Leah.
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Sua geração recorre à plataforma em busca de conselhos, disse ela, porque, ao contrário do YouTube, “não estamos ali para ar seis minutos. Isso é o que – 10% de uma hora? Você não sente que está perdendo seu tempo”.
Gabrielle Woody, uma recrutadora da empresa de software financeiro Intuit (a quem Leah segue), disse que começou a postar vídeos em junho – depois de ter mais tempo livre durante a pandemia e não estar mais viajando a trabalho. Os tópicos incluem habilidades para não listar em currículos, quais perguntas podem ser legalmente feitas por um entrevistador e uma série de quatro partes sobre como chamar a atenção dos recrutadores.
Ela agora está oferecendo coaching individual para quem procura emprego, nos fins de semana e à noite, e diz que sua movimentação no TikTok, onde ela tem 11.000 seguidores, a ajuda em seu trabalho na Intuit.
“Com meus vídeos, posso ver as tendências sobre quais tópicos estão recebendo mais visualizações ou pelas perguntas que recebo dos candidatos”, disse ela. “Isso está me ajudando a descobrir quais workshops devemos realizar online ou para quando trabalharmos novamente presencialmente.”
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Layla Shaikley, formada pelo MIT e cofundadora da Wise Systems, uma startup de software de logística, disse que começou a oferecer dicas de entrevistas para seus agora 105.000 seguidores quando estava de licença maternidade no ano ado.
“O timing teve um papel realmente importante nisso. De repente, estou de licença maternidade, não há para onde ir, estou sedenta por interação humana”, disse Layla, 35 anos, que emprega 80 pessoas em sua startup. “Estou no período pós-parto e não caibo nas minhas roupas. Então, comecei a dar conselhos profissionais – não estou lá fazendo aquela dancinha com Renegade.”
Como uma mulher muçulmana que usa um hijab, ela disse estar ciente dos obstáculos que as mulheres negras enfrentam como empreendedoras. Seu TikTok incluiu postagens a respeito da síndrome da impostora e um “dueto” sobre como as mulheres devem adaptar seus e-mails de trabalho. “Acredito firmemente nas formas de o à carreira”, disse ela. “Algumas carreiras são mais fáceis do que outras quando se trata de um projeto.”
Rob Cancilla, que tem 162.000 seguidores, teve tanto sucesso sendo coaching de carreira pelo TikTok, que recentemente tirou um período sabático não remunerado de seu trabalho em uma agência de recrutamento de executivos para exercer o antigo hobby em tempo integral. Suas postagens mais populares analisam os perfis dos telespectadores no LinkedIn, que oferecem “personalização individual, mas também têm apelo de massa”, disse Cancilla.
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Por um tempo, seus colegas nem sabiam que ele tinha seguidores. Mas, em um happy hour virtual no trabalho, os colegas conversaram em relação ao que queriam fazer em 2021. No bate-papo, “alguém disse ‘tornar-me um tiktoker famoso como Rob'”, lembrou Cancilla.
Alguns criadores de conteúdo de dicas de carreira do TikTok estão preocupados com a plataforma permitir que aqueles sem muita experiência em contratação transmitam conselhos aos jovens que procuram emprego, especialmente em uma economia difícil.
“No ano ado, vimos um aumento maciço de profissionais de coaching de carreira em plataformas de mídia social”, disse Cancilla, que também trabalhou para o Facebook e PwC, além da empresa de recrutamento Hunt Club. “É sempre importante fazer o dever de casa. O melhor conselho vem de alguém que ocupou um cargo de recursos humanos, recrutamento ou gerente de contratação por um longo período.”
Tessa diz que a explosão de interesse a surpreendeu. Depois que suas palestras corporativas e treinamentos de RH acabaram após o início da pandemia, sua filha sugeriu em outubro que ela postasse alguns vídeos sobre seus serviços.
“Recebi um telefonema do meu filho, que disse: ‘Minha namorada acabou de dizer que viu você no TikTok'”, lembra Tessa. Ela não está surpresa de que vídeos curtos – os dela incluem trechos sobre como pedir um aumento, lidar com acordos de não concorrência e negociar rescisões antes de você aceitar um emprego – estejam tendo sucesso na plataforma. Quando estava trabalhando com RH, tanto em grandes empresas quanto em startups, ela percebia que os jovens funcionários preferiam o que ela chama de “lanches de aprendizagem” a sessões de treinamento com longas horas de duração. “Eles gostam que seja colorido e rápido. Este formato faz todo o sentido.”
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Agora, diz Tessa, ela está começando a conquistar seguidores no Clubhouse, o aplicativo de bate-papo somente de áudio que é a mais nova moda no Vale do Silício. “Se o LinkedIn e a NPR tivessem um filho, ele seria o Clubhouse”, disse Tessa. “É como um programa de rádio o dia todo, mas com networking.”
(Tradução de Romina Cácia)
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