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(Suzana Barelli, especial para o E-Investidor) – Justin Knock MW, diretor de vinhos da Oeno, empresa inglesa de investimento em vinhos, não tem dúvidas de que os vinhos vão entregar valorização recorde nos próximos anos. Ele se baseia na rentabilidade da própria Oeno, que tem performance média de 12% ao ano em suas carteiras desde 2015 e chegou a 19% em 2021.
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Com duas letras mágicas no seu sobrenome – MW significa master of wine, título que apenas 419 pessoas conquistaram no mundo do vinho –, Knock trabalha no mercado de vinhos finos há mais de 20 anos e tem a função de selecionar garrafas para quem quer investir em vinhos. Veja os critérios para comprar um vinho como investimento.
Conheça as suas opiniões sobre o vinho como investimento.
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E-Investidor – A garrafa de Petrus que foi para o espaço deve integrar o patrimônio deste novo fundo. Por que esta garrafa é um ativo importante?
Justin Knock – Ainda não determinamos se ela fará parte do fundo, pois ainda não começamos a alocar ativos, mas ela está sendo considerada. A garrafa e sua embalagem transcende o mundo do vinho e se tornou parte do mundo da arte. O vinho pode ser como a arte porque nunca é perfeitamente replicável – cada ano e estação de cultivo, cada local, sempre nos oferece algo diferente. Do ponto de vista patrimonial, este Space Petrus é arte porque é uma peça única. Se, pelo simples fato de existir, provoca questionamento, reflexão e imaginação, então realmente está performando como arte. E para esses tipos de ativos quase não há limite de valorizações no longo prazo.
O que diferencia um vinho adquirido para consumo privado e um vinho adquirido como investimento?
Knock – Eles podem ser a mesma coisa, mas normalmente são diferentes tipos de vinhos com consumo muito diferentes pelo consumidor. Um vinho feito apenas para consumo não tem valor de mercado secundário. Se eu comprar um vinho de £ 10 no supermercado, ninguém vai me pagar £ 15 por ele em dois anos.
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Vinho de investimento é exigido no mercado secundário. Após a compra, espera-se que aumente de valor. Isso geralmente se deve à conveniência, escassez ou capacidade de melhorar a qualidade com o envelhecimento cuidadoso. Estes tendem a não ser vinhos de £10, mas de £50 a £100 por garrafa ou mais. Embora o aumento de valor ao longo do tempo seja fortemente sustentado pelo consumo e quando um vinho tem uma grande história, legado ou significado, ele pode se tornar extraordinariamente valioso.
Que fatores você considera ao selecionar um vinho como investimento?
Knock – Nós olhamos para uma série de coisas em nosso processo de triagem. Nem todos esses critérios precisam ser aplicados ao mesmo tempo, mas devemos ter alguma combinação que nos dê uma tese convincente. Uma identidade de marca forte é fundamental, muitas vezes reforçada por uma origem conhecida por produzir alta qualidade.
Gostamos de produtores que têm controle sobre sua produção, tanto do ponto de vista da qualidade quanto do volume. Mas nem sempre é essencial – a Dom Pérignon e o Penfolds Grange [vinho australiano] utilizam uvas de outros produtores, não apenas de suas próprias propriedades. Gostamos de identificar marcas que fizeram investimentos significativos em sua propriedade, marca ou técnicas de produção que lançam as bases para um vinho de maior qualidade no futuro.
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Muitas vezes, isso significa que os produtores programarão aumentos estratégicos de preços ao longo do tempo para recuperar seus investimentos, e os aumentos de preços são fortes impulsionadores do valor do investimento. Gostamos de encontrar produtores que estão subvalorizados em termos relativos aos seus vizinhos ou pares imediatos. Ou que estão simplesmente produzindo qualidade excepcional pelo preço de uma região ou estilo que está atualmente em desuso ou na moda. E questões de sucessão empresarial e mudanças de propriedade podem levar a reavaliações significativas do valor dos vinhos já existentes no mercado.
Na compra de vinhos de produtores blue chip, as garrafas já são valorizadas pelo potencial do vinho. Com essa premissa, como é possível que esses blue chips também se tornem bons investimentos, se já foram adquiridos por preços mais elevados?
Knock – Blue chips estão sempre em demanda e sua oferta está sempre diminuindo. Essa dinâmica só pode levar a aumentos de preços no longo prazo. Em segundo lugar, o vinho pode se comportar como um bem onde os aumentos de preços podem realmente acelerar a demanda. Existem inúmeros exemplos disso na indústria do vinho. Uma explicação é que um vinho pode estar em um mercado lotado a um preço, mas existir em um mercado menos competitivo a um preço mais alto ou ganhar a atenção de um tipo inteiramente novo de consumidor que está mais engajado com o vinho no preço. Finalmente, o vinho tem uma característica única, que é a de que a sua qualidade pode melhorar ao longo do tempo, muitas vezes muitas décadas. Quando um vinho se aproxima do seu pico de maturidade e idade ideal para consumo, seu valor a a ser mais estimado.
Quais são as regiões com maior potencial de valorização hoje, na sua opinião?
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Knock – Acho que existem áreas de grande qualidade e relativa desvalorização na Itália, em partes da Espanha, na África do Sul e na França regional. Acredito que Margaret River Cabernet [na Austrália] é profundamente desvalorizada em certas marcas em comparação com seus pares globais. E é claro que Bordeaux pode, às vezes, se tornar um lugar de grande valor e acho que há áreas de Bordeaux e fora das safras recentes que representam qualidade e valor incríveis. Acho que há espaço na Califórnia para alguns nomes se apresentarem e, como australiano, estou empolgado com alguns dos vinhos que saem da Austrália do Sul em safras recentes e estou ansioso para 2021 em particular.
Quais são os erros mais comuns cometidos pelos consumidores que decidem investir em vinhos?
Knock – O erro mais comum é subestimar o prazo e esperar um crescimento regular do valor ano a ano. Descobrimos que o vinho fino pode muitas vezes apresentar dormência de preço enquanto está em uma fase de baixo consumo, mas vemos uma mudança gradual como o crescimento quando os vinhos se aproximam da maturidade. Portanto, é importante ser paciente e deixar o tempo trabalhar para você. Por último, o vinho é um bem físico e não se pode esperar que a liquidação seja instantânea. Construir um portfólio e permitir que ele liquide naturalmente, quase por desgaste ao longo do tempo, é uma abordagem sábia. Liquidações forçadas e rápidas raramente trazem os melhores resultados para o investidor.
Onde você compra vinhos para investimento? Nos próprios castelos? Em leilões? E como se protege da crescente falsificação dos vinhos?
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Knock – Tentamos comprar da forma mais direta possível, e nossa preferência é diretamente da vinícola. Isso nem sempre é possível, especialmente para marcas fortes bem estabelecidas, por isso as compramos diretamente do importador local ou através da rede de negociantes de Bordeaux. Por fim, compramos do mercado secundário, mas trabalhamos com alguns fornecedores que examinamos.
Nesses casos, teremos fotos do estoque para trabalhar ou podemos agendar uma inspeção física se acharmos que há um risco particularmente alto. Temos uma equipe antifraude na empresa e trabalhamos com um especialista externo em fraudes em vinhos para auditar nossos processos, realizar treinamentos e também inspecionar os estoques quando necessário.
Você concorda com a máxima de que se o investimento der errado, pelo menos a pessoa pode provar (ou beber) o vinho?
Knock – Até certo ponto, esta é uma boa filosofia. O valor do seu vinho nunca pode ser zero se você pensar no seu investimento dessa forma. Suspeito que muitos bebedores de vinho tenham usado essa justificativa para investir em vinho. Claro, isso é o que todos nós queremos.
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Os melhores vinhos do mundo também são os melhores investimentos em vinho, mas queremos ver as pessoas bebendo e apreciando esses vinhos porque eles elevam nossa apreciação da vida e podem inspirar grandes ideias sobre viagens, história e determinação pessoal. Eles podem ser uma grande recompensa de qualquer maneira que você os veja no momento da compra.
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