George Wachsmann, sócio da Vitreo. Foto: Divulgação/Vitreo
Apesar de famosa entre os brasileiros, a poupança decepciona tanto em rentabilidade, que perde para a inflação, como em segurança, já que tem risco maior em comparação a outros produtos conservadores, como os títulos públicos. Ainda assim, a velha conhecida dos brasileiros teve captação líquida de R$ 7,02 bilhões em outubro, maior alta desde 1995.
E nesta quarta-feira (18), os investidores ganharam outra alternativa à caderneta: o Tesouro 3.0, lançamento da gestora Vitreo. Nessa opção de investimento, o cliente tem o a uma ‘carteira’ de títulos públicos que é istrada por profissionais, em uma gestão ativa – o que significa que, de tempos em tempos, a estratégia será ajustada para maximizar os ganhos.
Assim, o foco será não só superar a rentabilidade mensal da poupança, de 0,11%, mas ganhar também da inflação – grande desafio quando o assunto é renda fixa, já que o atual patamar de juros é de 2%, a mínima histórica.
O novo produto tem liquidez diária e investimento mínimo de R$ 100. Para quem comprar a carteira depois do dia 27 de novembro, haverá uma taxa de gestão, ainda não definida. Antes disso, esse custo é zerado.
“Na plataforma do próprio Tesouro Direto, o cliente investe e a gente compra uma combinação de títulos públicos, de tal forma que vamos tentar ganhar da inflação”, explica George Wachsmann, sócio e chefe de gestão da Vitreo. “Hoje, nem a poupança, nem os Fundos DIs conseguem fazer isso”, diz.
De fato, com rentabilidade de apenas 70% da Selic, ou 1,4% ao ano, a Caderneta de poupança tem retorno menor que a inflação projetada para 2020 e 2021, de 3,25% e 3,22%. Os Fundos DI, compostos majoritariamente por títulos atrelados à taxa de juros, também tiveram retorno real negativo em outubro e seguem com dificuldades.
Segundo Wachsmann, esse produto é feito para quem não pode correr muitos riscos. “Você pode pensar: ‘ah, mas qualquer título do Tesouro que seja atrelado à inflação, ganha da inflação’. Entretanto, esse tipo de papel é um pouco mais ‘nervoso’, queremos fazer uma carteira calma, para quem está vindo da poupança e quer alocar a reserva de emergência.”
Carteira istrada x Fundo de Investimento
Apesar de ambos serem geridos por profissionais, uma carteira istrada é diferente de um fundo de investimento. No primeiro caso, em que o Tesouro 3.0 da Vitreo se encaixa, os títulos são propriedade do investidor, que apenas terceiriza a gestão para os profissionais.
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Já no segundo o cliente compra uma cota da aplicação, mas os ativos não são de propriedade do investidor. “No Tesouro 3.0, os títulos do Tesouro Direto são registrados diretamente no F do cliente”, diz Gabriel Mallet, coordenador de renda fixa da Vitreo. “Além da potencial vantagem no rendimento, o tesouro é mais seguro do que a poupança pois são emitidos pelo governo, são títulos de risco soberano”, complementa.
Jornada E-Investidor discute gestão ativa na renda fixa
É cada vez mais importante ter uma gestão ativa na renda fixa para conseguir rentabilidades maiores. Marília Fontes, economista da Nord Research e colunista do E-Investidor, explicou o conceito na série de entrevistas feitas com especialistas na Jornada E-Investidor.
“As pessoas estão acostumadas com a maneira antiga de operar renda fixa, que é comprar um título, investir e levar até o vencimento”, diz Fontes. “Mas o que as pessoas não percebem é que no Tesouro Direto existem três tipos de títulos e cada um deles se comporta de maneira diferente a depender do cenário macroeconômico.”
De acordo com a especialista, é possível ter retornos tão agressivos na renda fixa quanto na renda variável, desde que o investidor saiba escolher o título certo para se beneficiar de cada momento econômico.
“Desde 2016 até o começo deste ano, com as quedas das taxas de juros, teve um título que deu retorno de 40% ao ano”, afirma. “Quando os juros subirem, será preciso vender esse papel e comprar aquele que se beneficia disso”, conclui a especialista.