Dependendo da ocorrência de condições favoráveis, o Ibovespa pode alcançar a marca dos 200 mil pontos em 2026, dizem analistas. (Imagem: AlfRibeiro em Adobe Stock)
Em um intervalo de apenas uma semana, o Ibovesparenovou quatro vezes a sua máxima histórica. O último recorde aconteceu na sessão desta terça-feira (20), quando o principal índice da B3 fechou o dia com uma valorização de 0,34%, aos 140.109,63 pontos. Com o recente rali, a Bolsa de Valores brasileira acumula uma alta de 16,17% em 2025, cravando a segunda maior alta para os meses de janeiro a maio desde 2020, de acordo com os dados da Elos Ayta Consultoria.
O fôlego dos últimos dias resgatou o entusiasmo dos investidores com o mercado acionário doméstico. Contudo, os analistas de mercado têm sido cautelosos ao determinar os novos níveis para o índice. A maioria das corretoras, bancos e casas de análise consultados pelo E-Investidor, projeta preço-alvo de 150 mil para o Ibovespa em 2025. O target representa um potencial de valorização de em torno de 7% nos próximos meses, ao considerar o pregão desta terça-feira .
Alexandre Mathias, estrategista-chefe da Monte Bravo, explica que o avanço da Bolsa reflete o alívio das tensões comerciais sobre o pacote tarifário de Donald Trump, presidente dos Estados Unidos. No último dia 12, o país e a China anunciaram acordo que, por 90 dias, estabelece tarifas de 10% para produtos americanos na China e de 30% para os chineses exportados aos EUA, em uma trégua na guerra comercial.
Veja as estimativas do mercado para o Ibovespa em 2025
Corretoras, casas de análise e bancos
Preço-alvo para 2025
Monte Bravo
150 mil pontos
Eleven Financial
150 mil pontos
EQI Research
154,5 mil pontos
CM Capital
152 mil pontos
Inter
Próximo de 150 mil
O risco fiscal dos Estados Unidos também ajudou no fôlego do Ibovespa. Como mostramos aqui, a Moody’s, uma das principais agências de classificação de risco do mundo, rebaixou a nota de crédito do país, saindo de ‘Aaa’ para ‘Aa1’, devido ao crescimento do déficit orçamentário nos últimos anos e à ausência de medidas para reverter o cenário fiscal da maior economia do mundo. “Com isso, vemos um processo que há um enfraquecimento do dólar global, favorecendo a alocação em outros países, como os mercados emergentes”, diz Mathias.
Esse processo de rebalanceamento das alocações pode ser visto no fluxo de capital estrangeiro em direção ao Brasil. Em 2025, segundo os dados mais recentes da B3, a Bolsa brasileira registra um saldo positivo de R$ 21 bilhões, contra a saída de R$ 34,6 bilhões durante o mesmo período do ano ado. “O investidor estrangeiro ou a aportar mais em emergentes após a intensificação da guerra comercial e, com isso, o Brasil ganhou certo destaque. A depender do apetite externo, uma Bolsa negociada em torno de 8,5x ou 9x os lucros significa algo próximo de 150 mil pontos, com o Ibovespa ainda atrativo frente a outros pares emergentes”, avalia Matheus Amaral, analista de renda variável do Inter.
Já Fernando Siqueira, head de Research da Eleven Financial, acredita que há chances da Bolsa brasileira ultraar a marca simbólica dos 150 mil pontos. Para ele, o valuation (valor de mercado) do Ibovespa segue muito abaixo da sua média histórica e de outros mercados. “Estamos no começo de um ciclo de apreciação dos ativos locais. É possível vermos uma correção no Ibovespa dado que subiu quase todos os meses em 2025 até agora. Mas a tendência positiva deve continuar por pelo menos 12 a 18 meses”, diz o especialista.
A perspectiva para o fim do ciclo de alta da Selicneste ano também empurrou para cima o índice. As projeções mais recentes do boletim Focus indicam que taxa básica de juros deve permanecer a 14,75% ao ano até o fim do ano.
O que dizem analistas sobre o futuro do Ibovespa
Há dúvidas sobre a capacidade do Ibovespa manter esse nível de preço e entrar em um período de “bull market“, quando as cotações estão em alta por um tempo prolongado. Como mostramos nesta entrevista, Roberto Sertã, sócio e diretor de renda variável da MAG Investimentos, avalia que faltam insumos para entender se a desaceleração econômica dos EUA continuará moderada ao o de viabilizar o ciclo de queda de juros nos próximos meses e enterrar de vez o risco de recessão no país.
Caso contrário, o sentimento de aversão ao risco deve prevalecer nos mercados. “É preciso acompanhar os impactos desse ambiente externo, a possibilidade de estarmos em um ciclo de afrouxamento monetário e as implicações da corrida eleitoral em meio a um ambiente de baixa popularidade do governo atual. O desfecho positivo desses pontos pode levar o mercado local a um ambiente de bull market”, avalia o sócio da MAG Investimentos.
Se todos esses fatores convergirem para um resultado positivo, a Monte Bravo acredita na possibilidade do Ibovespa alcançar a marca dos 200 mil pontos em 2026. “Se houver uma perspectiva de ajuste fiscal ou a presença de um candidato à presidência comprometido com ajuste das contas públicas, o Ibovespa pode subir até esse patamar”, diz Mathias. Já o Safra atualizou o seu preço-alvo do Ibovespa para 170 mil pontos em meados de 2026. Para o banco, mesmo mesmo que os indicadores econômicos estejam mostrando sinais de desaceleração, os lucros corporativos permanecem saudáveis, deixando o Índice Bovespa em linha com o mercado mexicano e chinês, com um ganho por volta de 16% no ano.
Além disso, a Bolsa brasileira ficou mais atrativa diante da guerra comercial entre EUA e China por conta da busca por diversificação de portfólio, segundo o Safra. “Dentre os mercados emergentes, o Brasil se destaca com um desconto acima da média”, conclui o banco.
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Na sessão desta quarta-feira (21), o Ibovespa opera com uma queda de 1,14%, aos 138.513 pontos, por volta das 13h. O movimento de correção reflete a falta de estímulos para novos avanços.