O Ibovespa é o principal índice da B3, a Bolsa de Valores brasileira. Foto: Divulgação/B3
O Ibovespa hoje renovou o recorde de fechamento do ano, depois de já ter disparado 2,64% na última sexta-feira (14). O principal índice da B3 encerrou esta segunda-feira (17) em alta de 1,46% aos 130.833,96 pontos, oscilando entre máxima a 131.313,48 pontos e mínima a 128.957,09 pontos. O giro financeiro foi de R$ 23,1 bilhões. Esse foi o maior nível de fechamento desde 28 de outubro, então a 131.212,58 pontos.
Gabriel Redivo, sócio e diretor de gestão da Aware Investments, explica que a alta do Ibov nas últimas sessões foi impulsionada por um conjunto de fatores internos e externos. No cenário internacional, o fluxo de capital estrangeiro para mercados emergentes, como Brasil e China, ganhou força diante das incertezas econômicas nos Estados Unidos, levando investidores a buscar ativos mais descontados. “A tendência de queda do dólar e a redução do diferencial de juros entre o Brasil e o restante do mundo também contribuíram para atrair mais capital ao mercado local”, complementa.
Notícias de estímulo da economia chinesa também favoreceram a Bolsa brasileira. No domingo (16), o país asiático tornou público um plano de iniciativas especiais para impulsionar o consumo, fortalecer a demanda interna em todas as áreas e aumentar o poder de compra por meio da redução dos encargos financeiros.
Na agenda doméstica, o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) mostrou que a economia brasileira cresceu 0,89% em janeiro, na comparação com dezembro. O resultado ficou acima do teto da pesquisa Projeções Broadcast, de 0,70%. A mediana era de 0,30%, e o piso, de -0,40%.
O mercado também acompanhou a divulgação de uma nova edição do Boletim Focus. A mediana do relatório para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2025 caiu de 5,68% para 5,66%. Já a projeção para a Selic no fim do ano permaneceu em 15,0% pela décima semana seguida, às vésperas da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) na quarta-feira (19).
“Tivemos hoje, após diversas semanas seguidas, o Boletim Focus trazendo uma projeção de queda para a inflação, ainda que ela esteja acima da meta. Isso ajudou a aliviar o mercado hoje também após dados do IBC-Br virem um pouco acima do esperado, mas sem pesar na nossa Bolsa por aqui”, afirma Fabio Louzada, economista, planejador financeiro e fundador da Eu me Banco, instituição que forma, certifica e treina profissionais para atuação no mercado financeiro.
Entre as ações de maior peso para a carteira do Ibovespa, os papéis da Vale (VALE3) fecharam em alta de 1,44%. O Itaú BBA reiterou a recomendação de “outperform” (equivalente à compra) para a empresa após encontros com executivos da mineradora na última semana e atualizou o preço-alvo das American Depositary Receipts (ADRs) de US$ 12 para US$ 13.
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Em Nova York, S&P 500, Dow Jones e Nasdaq subiram 0,64%, 0,85% e 0,31%, respectivamente, em meio a declarações do secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent. Em entrevista à NBC, Bessent afirmou estar “no ramo de investimentos há 35 anos”, destacando que correções em índices acionários são “saudáveis” e “normais”. O secretário ainda declarou não haver “garantias” de que o país evitará uma recessão.
No mercado doméstico de câmbio, o dólar hoje fechou em queda de 0,99% a R$ 5,6864. A moeda americana teve um dia de desvalorização no exterior em comparação a divisas rivais, mas também a emergentes, após o anúncio de estímulos na China. “O Brasil, como um dos principais parceiros comerciais da China, está bem posicionado para se beneficiar desse movimento, o que ajuda a explicar a valorização do real na sessão de hoje”, destaca Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad.
As ações da Vamos (VAMO3) registraram a maior alta do Ibovespa hoje, subindo 6,08% a R$ 4,19. “Os papéis reagiram bem ao Boletim Focus, que finalmente trouxe uma projeção de inflação apontando para baixo”, afirma Louzada, da Eu me Banco.
A VAMO3 está em alta de 9,97% no mês. No ano, acumula uma desvalorização de 11,79%.
Magazine Luiza (MGLU3): 5,63%, R$ 10,14
Outro destaque positivo foi o Magazine Luiza (MGLU3), que avançou 5,63% a R$ 10,14. De forma geral, papéis de varejistas se saíram bem no pregão, mesmo em um início de semana em que é esperado mais uma alta da Selic.
A MGLU3 está em alta de 41,82% no mês. No ano, acumula uma valorização de 56,%.
Hapvida (HAPV3): 5,05%, R$ 2,29
Os papéis da Hapvida (HAPV3) foram outros que se saíram bem, acumulando ganhos de 5,05% a R$ 2,29. A empresa deve divulgar o seu balanço do quarto trimestre na quinta-feira (20), após o fechamento do mercado.
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A HAPV3 está em alta de 8,53% no mês. No ano, acumula uma valorização de 2,69%.
As ações da SLC Agrícola (SLCE3) tombaram 3,92% a R$ 17,89 e registraram a principal queda do Ibovespa hoje, após a empresa ter anunciado a compra de terras na Bahia e Minas Gerais.
A SLCE3 está em baixa de 0,83% no mês. No ano, acumula uma valorização de 2,23%.
B3 (B3SA3): -3,5%, R$ 12,42
Outro destaque negativo foi a B3 (B3SA3), que caiu 3,5% a R$ 12,42. Na quinta-feira ada (13), as ações da empresa dispararam mais de 10% após a companhia informar que recebeu decisão favorável do Carf (Conselho istrativo de Recursos Fiscais) cancelando um auto de infração da Receita Federal.
A B3SA3 está em alta de 19,42% no mês. No ano, acumula uma valorização de 20,93%.
Natura (NTCO3): -3,16%, R$ 9,2
Quem também se saiu mal foi a Natura (NTCO3), que recuou 3,16% a R$ 9,2 no Ibovespa hoje, estendendo as perdas da última sexta-feira (14), quando já havia derretido 29,94%.
A NTCO3 está em baixa de 28,85% no mês. No ano, acumula uma desvalorização de 27,9%.