O Ibovespa é o principal índice da B3, a Bolsa de Valores brasileira. Foto: Divulgação/B3
O Ibovespa hoje fechou em queda, acompanhando o desempenho negativo dos mercados globais, após Israel bombardear o Irã em ofensiva contra o programa nuclear do país. O índice da B3 terminou esta sexta-feira (13) em baixa de 0,43% aos 137.212,63 pontos. Ao longo da sessão, oscilou entre máxima a 137.799,95 pontos e mínima a 136.585,90 pontos, com volume negociado de R$ 22,7 bilhões.
De acordo com a mídia estatal, o ataque israelense resultou na morte dos dois mais altos líderes militares do Irã: o comandante das Forças Armadas, Mohammad Bagheri, e o comandante da Guarda Revolucionária, Hossein Salami. O general Gholamali Rashid, vice-comandante das Forças Armadas, também foi morto. Ainda segundo a imprensa iraniana, pelo menos seis cientistas nucleares morreram no ataque.
As autoridades israelenses classificaram a ofensiva ao Irã como uma “primeira etapa” de ações contra o país, e disseram que a operação seguirá “tanto dias quanto for necessário”. Já nesta sexta-feira, o Irã iniciou sua primeira onda de retaliação, lançando mais de 100 drones em direção a Israel, de acordo com o Brigadeiro-General Effie Defrin, principal porta-voz do exército israelense.
Os contratos futuros de petróleo fecharam em forte alta, depois de saltarem mais de 10% durante a madrugada, em reação aos ataques aéreos de Israel contra o Irã. Embora os bombardeios não tenham atingido a infraestrutura petrolífera do país, investidores seguem apreensivos quanto a retaliações, especialmente devido à presença militar iraniana perto do Estreito de Ormuz, ponto de agem crucial para o transporte global de petróleo.
Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o contrato de petróleo WTI para julho fechou em alta de 7,26%, enquanto o Brent para agosto, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), avançou 7,02%. No acumulado da semana, o WTI disparou 13% e o Brent, 12%.
O avanço da commodity fez petroleiras subirem na Bolsa brasileira, ajudando a aliviar a queda do Ibovespa. O grande destaque foi a Petrorecôncavo (RECV3), que avançou 2,71%. Brava Energia (BRAV3) e Prio (PRIO3) tiveram ganhos de 1,51% e 1,76%, respectivamente. Os papéis da Petrobras (PETR3;PETR4) também subiram: enquanto os ordinários (PETR3) registraram valorização de 2,13%, os preferenciais (PETR4) observaram alta de 2,46%.
Por outro lado, Matheus Amaral, especialista de renda variável do Inter, avalia que o petróleo em alta traz efeitos negativos para empresas com custos atrelados ao combustível como aéreas, por exemplo, além de custos logísticos para a cadeia produtiva como um todo. “Consequentemente, podemos esperar uma pressão inflacionária maior caso o petróleo continue a subir”, diz.
O dia não foi negativo apenas no mercado local. Em Nova York, S&P 500, Dow Jones e Nasdaq caíram 1,13%, 1,79% e 1,3%, respectivamente, enquanto o índice de volatilidade VIX — espécie de “termômetro do medo” — disparou 15,54%, a 20,82 pontos. Na Europa, os índices acionários também fecharam no campo negativo. A Bolsa de Londres caiu 0,39%, a de Paris recuou 1,04% e a de Frankfurt perdeu 1,14%. As de Milão e Lisboa, por sua vez, tiveram respectivas quedas de 1,28% e 0,69%. Em Madri, o Ibex35 cedeu 1,27%.
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“Hoje foi um dia bastante difícil para os mercados globais. As Bolsas da Europa fecharam em queda e os índices norte-americanos também operaram no vermelho. O principal motivo é a escalada das tensões no Oriente Médio, com novos ataques entre Israel e Irã ao longo do dia, o que aumentou a aversão ao risco no mercado”, explica Fernando Bresciani, analista de investimentos do Andbank.
O dólar hoje fechou em leve queda de 0,02% a R$ 5,5417, após operar com volatilidade na sessão, entre perdas e ganhos. A moeda americana chegou a superar R$ 5,5938 diante do aumento das posições defensivas, embora tenha perdido força ao longo do dia. “Depois de uma semana marcada por dados favoráveis de inflação nos EUA, que levaram o mercado a antecipar o início do ciclo de flexibilização monetária pelo Federal Reserve (Fed), o foco dos investidores agora retorna ao cenário externo, caracterizado pelo aumento da aversão ao risco e pelo temor de uma escalada militar mais ampla”, avalia Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad.
As ações da Petrorecôncavo (RECV3) lideraram os ganhos do Ibovespa hoje, subindo 2,71% a R$ 15,56, impulsionadas pela valorização do petróleo no exterior.
A RECV3 está em alta de 7,53% no mês. No ano, acumula uma valorização de 1,1%.
Petrobras (PETR4): 2,46%, R$ 32,53
Quem também se saiu bem foi a Petrobras (PETR4), que registrou alta de 2,46% a R$ 32,53. Ao longo da semana, avançou 9,79%, ajudando o Ibovespa a subir 0,82% no período.
A PETR4 está em alta de 8,11% no mês. No ano, acumula uma desvalorização de -5,46%.
Suzano (SUZB3): 2,19%, R$ 54,11
Outro destaque positivo foi a Suzano (SUZB3). As ações da empresa encerraram o pregão com ganhos de 2,19% a R$ 54,11, após o Goldman Sachs elevar a recomendação da empresa para compra e aumentar o preço-alvo da ação para R$ 65. Veja os detalhes nesta matéria.
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A SUZB3 está em alta de 8,98% no mês. No ano, acumula uma desvalorização de -12,42%.
As ações da CVC (CVCB3) sofreram a pior queda do Ibovespa hoje, amargando perdas de 8,33% a R$ 2,31. Christian Iarussi, especialista em investimentos e sócio da The Hill Capital, destaca que, em geral, empresas ligadas ao consumo e à curva de juros se saíram mal no dia.
A CVCB3 está em baixa de 2,53% no mês. No ano, acumula uma valorização de 67,39%.
Magazine Luiza (MGLU3): -7,07%, R$ 8,94
Os papéis do Magazine Luiza (MGLU3) também sofreram no pregão, recuando 7,07% a R$ 8,94.
A MGLU3 está em baixa de 3,04% no mês. No ano, acumula uma valorização de 41,68%.
Usiminas (USIM5): -5,92%, R$ 4,77
Na lista de principais baixas do Ibovespa hoje, estiveram ainda as ações da Usiminas (USIM5), que caíram 5,92% a R$ 4,77, acompanhando a sessão negativa para o minério de ferro no exterior.
A USIM5 está em baixa de 8,27% no mês. No ano, acumula uma desvalorização de 10,34%.