Os destaques do mercado financeiro hoje. (Foto: Adobe Stock)
A agenda econômica desta quinta-feira (29) está dominada pela repercussão de decisão de corte americana que bloqueou as tarifas do presidente dos EUA, Donal Trump. O mercado financeiro hoje também concentra atenções em uma série de indicadores: o Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), a taxa de desemprego no Brasil até abril e o resultado primário do governo central.
Ainda na agenda econômica hoje, palestras de diretores do Banco Central (BC) em congresso da Associação Brasileira de Instituições de Pagamentos (Abipag) e reuniões de líderes da Câmara para discutir o projeto que cancela o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) também devem ganhar atenção.
Os diretores do BC Renato Gomes (9h), Gilneu Vivan (10h) e Ailton de Aquino Santos (12h) falam em evento. Já os diretores de Política Econômica, Diogo Guillen; de Política Monetária, Nilton David; de Assuntos Internacionais, Paulo Picchetti, participam de reunião fechada com representantes do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Enquanto isso, o programa “Bom Dia, Ministro” recebe o ministro da Previdência, Wolney Queiroz. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) visita o interior do Paraná e o litoral de Santa Catarina. Ainda, o Tesouro faz leilão de Letras do Tesouro Nacional (LTN, títulos prefixados) e Nota do Tesouro Nacional série F (NTN-F, título de renda fixa).
Nos EUA, investidores acompanham a segunda leitura do Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre e falas de cinco dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), que devem guiar as expectativas econômicas e de política monetária no país. Saem também os pedidos semanais de auxílio-desemprego e as vendas pendentes de imóveis em abril.
Os dirigentes do Fed que falam hoje são: Tom Barkin, de Richmond; Austan Goolsbee, de Chicago; Adriana Kugler, diretora; Mary Daly, de São Francisco; e Lorie Logan, de Dallas. O BC da África do Sul anuncia decisão de política monetária.
Mercado financeiro hoje: o que acompanhar nesta quinta-feira (29)
Justiça dos EUA barra tarifas de Trump
Tribunal de Comércio Internacional dos EUA bloqueou tarifas fixas, recíprocas e relacionadas ao fentanil impostas pelo governo Trump. A medida suspende as medidas baseadas em lei de emergência sobre países como China, Canadá, México e União Europeia, mas mantém, por ora, as aplicadas a alumínio, aço e automóveis. Embora o governo Trump já tenha recorrido, a decisão final pode caber à Suprema Corte.
Para a Capital Economics, essa reviravolta jurídica aumenta a incerteza na guerra comercial, dificultando os esforços do governo de firmar acordos durante a trégua de 90 dias com parceiros comerciais.
Exterior reage ao bloqueio de tarifas à espera do PIB dos EUA
O apetite por ativos de risco prevaleceu na Ásia e se fortalece em Nova York e na Europa nesta manhã, impulsionado principalmente pela decisão do Tribunal de Comércio Internacional nos EUA.
Além disso, balanços corporativos positivos de empresas como Nvidia (NVDC34) e Salesforce contribuem para o otimismo, em um cenário de expectativa pela revisão do PIB dos EUA no primeiro trimestre e por discursos de dirigentes do Fed, cuja ata mais recente sinalizou cautela em relação aos rumos da inflação e da atividade econômica. A expectativa de analistas consultados pela FacSet é de queda de 0,3% no PIB, repetindo a primeira leitura.
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Também avançam os rendimentos dos Treasuries (títulos da dívida estadunidense) e o dólar hoje frente a outras moedas.
A B3 informou que vai excluir as ações da Azul (AZUL4) de todos os seus índices após a empresa anunciar o pedido de Chapter 11 (equivalente à recuperação judicial nos Estados Unidos) do United States Code pela companhia, conforme Fatos Relevantes divulgados nesta quarta-feira (28) – veja o que a B3 justifica sobre a decisão.
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Commodities avançam e beneficiam ADRs
O petróleo avança, ampliando ganhos da véspera. Nesta manhã, o barril do petróleo WTI para julho avançava 1,07%, enquanto o do Brent para agosto subia 0,93%.
Ainda entre as commodities hoje, o minério de ferro fechou em alta de 1,29%, cotado a 707 yuans por tonelada, o equivalente a US$ 98,26 em Dalian, na China.
Em reação, os American Depositary Receipts (ADRs, recibos que permitem que investidores consigam comprar nos EUA ações de empresas não americanas) da Vale(VALE3) subiam 0,85% no pré-mercado de Nova York nesta manhã. Já os ADRs da Petrobras (PETR3; PETR4) avançavam 0,68%.
O que esperar do Ibovespa hoje em meio à agenda farta de indicadores
A valorização dos ativos internacionais, do petróleo e do minério de ferro deve impulsionar na abertura o Ibovespa hoje e as ações de Vale e Petrobras, que confirmou a esperada emissão de R$ 3 bilhões em debêntures (títulos de dívida). O EWZ, principal fundo de índice (ETF, fundo de investimento negociado em bolsa de valores como se fosse uma ação) brasileiro em Nova York subia mais de 1% nesta manhã.
Os negócios devem ser influenciados também por uma agenda econômica intensa. O IGP-M de maio, divulgado esta manhã, mostrou recuou 0,49% no mês, após alta de 0,24% em abril. O resultado no mês foi mais intenso que o apontado no piso das estimativas colhidas pelo Projeções Broadcast, de 0,47%. A mediana indicava contração de 0,37%.
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Enquanto isso, a taxa de desemprego deve recuar para 6,9% em abril, a primeira queda do ano. E o mercado projeta ainda superávit primário de R$ 16,3 bilhões em abril, impulsionado por receitas de Imposto sobre a Renda das Pessoas Jurídicas (IRPJ) e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL).
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No campo fiscal, o Tribunal de Contas da União (TCU) apontou que não é possível confirmar a economia de R$ 7,8 bilhões estimada pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) no Orçamento de 2025. Para compensar perdas de R$ 2 bilhões com a revisão do IOF sobre remessas de fundos ao exterior, o governo deve resgatar R$ 1,4 bilhão dos Fundo Garantidor de Operações (FGO) e Fundo de Garantia de Operações de Crédito Educativo (FGEDUC) — medida bem recebida por especialistas em contas públicas.
Já o ministro da Fazendo, Fernando Haddad, afirmou que não há alternativas ao decreto do IOF, apesar das discussões com o Congresso e sugestões da Febraban. O mercado financeiro hoje teme que uma possível revogação do decreto na Câmara agrave a situação fiscal e afaste capital estrangeiro.