As ações da Prio (PRIO3) não se intimidam com o ambiente de juros altos. Mesmo com a Selic a 14,75%, o maior nível desde 2006, a companhia já comprovou ao mercado a sua capacidade de entregar com “com folga” retornos acima do Certificado de Depósito Bancário (CDI), que tende a acompanhar os movimentos da taxa de juros e se transformar em uma referência de retorno mínimo exigido pelos investidores para qualquer investimento. Ao longo dos últimos 10 anos, a petroleira conquistou o título de ação mais rentável do Ibovespa, principal índice da B3, e entregou aos seus acionistas rentabilidades que deixam qualquer investimento de renda fixa para trás.
Como mostramos nesta reportagem, os dados da ComDinheiro-Nelogica, enviados ao E-Investidor, mostram que os papéis da Prio acumularam uma rentabilidade de 7.381,83% entre os meses de abril de 2015 a abril de 2025. Os números consideram tanto o desempenho da ação na bolsa de valores quanto o pagamento de dividendos durante o período. A título de comparação, o ganho foi superior em 6,9 mil pontos porcentuais acima do retorno das ações da Weg (WEGE3) que ficaram na segunda colocação no ranking das companhias mais rentáveis da bolsa. Já o CDI teve um retorno tímido de 143,91% no mesmo intervalo de tempo.
Fábio Sobreira, analista CNPI-P da Rocha Opções de Investimentos, atribui esse resultado extraordinário ao plano de reestruturação bem-sucedido da empresa que focou na compra de ativos maduros e na redução de custos operacionais. “A compra de ativos da Petrobras (PETR3; PETR4) ampliou a sua base de produção e reservas”, diz Sobreira. Com essa estratégia, a empresa conseguiu reverter o prejuízo de R$ 53,5 milhões no primeiro trimestre de 2015 em um lucro de R$ 2 bilhões nos meses de janeiro e março deste ano.
“A cotação da empresa acompanhou esse lucro e cresceu mais de 80x nos últimos 10 anos, com uma média de 56,53% ao ano”, acrescentou o analista. Para se ter uma dimensão desse retorno financeiro, os cálculos do analista da Rocha Opções de Investimentos mostram que, se a empresa continuasse crescendo com a mesma magnitude nos próximos anos, seria necessário investir mensalmente apenas R$ 46,27 para o investidor conquistar uma renda iva de R$ 5 mil por mês com as ações da Prio em 2035.
O que esperar das ações Prio (PRIO3)?
Dificilmente, a companhia conseguirá replicar o mesmo desempenho nos próximo 10 anos. Sobreira explica que a petroleira desfruta hoje de um valor de mercado de R$ 35 bilhões e, se crescesse no mesmo ritmo, alcançaria um valor de mercado de R$ 3 trilhões. Ou seja, quase oito vezes maior do que a Petrobras (PETR3;PETR4), considerada a empresa mais valiosa do Brasil. “Manter esse ritmo nos próximos cinco a 10 anos será desafiador devido à escassez de grandes aquisições, complexidade operacional e ao efeito base de um valor de mercado já consolidado”, diz Sobreira
Contudo, isso não significa que a Prio perdeu o seu brilho no mercado. Pelo contrário, ele ressalta que a companhia continua sendo uma boa oportunidade de investimento na bolsa de valores devido aos seus múltiplos ainda atrativos. “O P/L (preço sobre lucro) permite à empresa pagar dividendos na ordem de 31,8%, caso distribuísse 100% do seu lucro. Isso é bastante alto. Ou seja, em termos históricos e presentes, é uma empresa fantástica”, acrescenta Sobreira.
Bruce Barbosa, sócio-fundador da Nord Investimentos, também compartilha da mesma visão sobre o papel. Segundo ele, a empresa conseguiu amadurecer seus processos operacionais e possui mais experiência na extração de petróleo, o que ajudou a reduzir os riscos do negócio para o investidor. Além disso, no fim do ano, a empresa terá a entrada de dois campos de extração que têm capacidade de produzir cerca de 100 mil barris de petróleo. Hoje, segundo Barbosa, a petroleira produz cerca de 108 mil barris. “A empresa vai praticamente dobrar a sua produção no fim do ano. Então, em 2026, será um ano de bastante geração de caixa, podendo até se transformar em uma ação boa pagadora de dividendos”, diz o analista da Nord que mantém recomendação de compra do papel.
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Já Marco Saravalle, analista CNPI-P, sócio-fundador da BM&C e da MSX Invest e colunista do E-Investidor, acredita que a Prio tem condições de triplicar o seu valor de mercado nos próximos anos. A análise do especialista se baseia na projeção do fluxo de caixa livre (FCF) da empresa para os anos de 2026 e 2027 que, de forma conservadora, pode ultraar os R$ 7 bilhões por ano. “A Prio reúne os elementos clássicos de uma tese baseada em geração de caixa: crescimento da produção, eficiência operacional e disciplina financeira”, escreveu Saravalle em sua coluna quinzenal desta segunda-feira (26). Confira aqui.
Em maio, as ações da Prio (PRIO3) avançam 16,29%, enquanto no acumulado do ano sofrem uma depreciação de 2,54%.