A Tesla tem sofrido com a participação de Elon Musk em polêmicas do novo governo dos EUA. (Foto: Adobe Stokc)
A relação do bilionário Elon Musk com o presidente americano Donald Trump custou caro para as ações da Tesla (TSLA). Na sessão de quinta-feira (5), quando o CEO da montadora de veículos elétricos e o chefe da Casa Branca trocaram farpas publicamente, a companhia perdeu US$ 153 bilhões em valor de mercado, após suas ações despencarem 14,23% na bolsa de valores em um único dia. O volume equivale ao tamanho de duas Petrobras (PETR3;PETR4) em valor de mercado pela cotação atual do dólar.
O desgaste iniciou com a irritação de Elon Musk com o projeto de lei orçamentária que a Casa Branca tenta aprovar no Congresso. Na tarde de quinta, o bilionário iniciou os ataques ao republicano ao repercutir a proposta. “Sem mim, Trump teria perdido a eleição”, escreveu o CEO da Tesla no X. “Que ingratidão”, acrescentou. Ao longo da discussão pelas redes sociais entre os dois, Donald Trump sugeriu cortar subsídios e contratos governamentais com as empresas do bilionário como uma estratégia de reduzir os gastos públicos. “Sempre me surpreendi que Biden (Joe Biden, ex-presidente dos EUA) não tenha feito isso”, escreveu ele no Truth Social.
A discussão atingiu o seu ápice quando Musk afirmou que o presidente Trump “está nos arquivos de Epstein”, uma referência aos documentos governamentais sobre o financista e criminoso sexual condenado, Jeffrey Epstein. Mesmo sem apresentar provas, a acusação foi o suficiente para os democratas da Câmara se mobilizarem para solicitar a divulgação imediata dos arquivos do caso. “Eu pedi a divulgação completa dos arquivos de Epstein há um mês por causa da minha suspeita de que a procuradora-geral Pam Bondi estava ocultando os arquivos para proteger Donald Trump”, escreveu o deputado Dan Goldman, democrata de Nova York, no X.
O episódio se junta com uma série de polêmicas e desgates políticos que Musk acumula desde o início do governo de Trump. Em abril, o bilionário criticou o pacote tarifário de Trump e até tentou pressionar o mandatário dos EUA a recuar sobre as medidas, segundo fontes ouvidas pelo jornal The Washington Post. Na época, o dono da Tesla trocou farpas com conselheiro comercial do presidente americano, Peter Navarro. Musk chegou a dizer que o integrante do governo era “mais burro do que um saco de tijolo” após entrevista do conselheiro à CNBC.
Tesla x BYD: concorrência chinesa acelera no setor elétrico
Quando estava à frente Departamento de Eficiência Governamental (DOGE, na sigla em inglês), responsável pela redução dos gastos públicos, Musk também foi responsável por gerar desconforto aos acionistas da Tesla que temiam o seu afastamento sobre os negócios da empresa. A preocupação não era para menos. No primeiro trimestre de 2025, o lucro da Tesla caiu 71% em comparação ao mesmo período do ano ado, enquanto a receita encolheu 9% no mesmo período.
Os resultados aquém das estimativas do mercado surgem em meio ao aumento da concorrência em carros elétricos. Em fevereiro, a marca chinesa e rival da Tesla, BYD, informou que está investindo no seu sistema de assistência ao motorista com a ajuda da Deepseek, startup chinesa que estremeceu os mercados com o lançamento do seu novo chatbot similar no fim de janeiro. A rival da Tesla também planeja o lançamento de um sistema de direção assistida em sua linha de carros, que inclui automóveis de baixo custo.
Consumidores reagem às polêmicas de Musk
Como se já não bastasse todos esses fatores, os investidores da Tesla também se depararam com as consequências do posicionamento político do bilionário na imagem da companhia. Em março, os carros elétricos da marca foram alvos de protestos contra a montadora, hostilidades e atos de vandalismo nos EUA em aversão à retórica política de Musk, voltada para a extrema-direita. Trump chegou a comprar um veículo da companhia em sinal de apoio ao bilionário.
Queda das ações da Tesla no ano já valem 6 Petrobras
Ontem, as ações da Tesla sofreram a maior queda na bolsa diária na cotação desde o início do governo do republicano, em 20 de janeiro, segundo dados da Elos Ayta Consultoria, enviados ao E-Investidor. Hoje, os papéis até tentam se recuperar. Às 13h (de Brasília) desta sexta-feira (6), subiam 5,28%, cotados a US$ 299,73.
Os ganhos, porém, ainda são insuficientes para reverter os prejuízos dos investidores acumulados nos últimos meses. Ainda de acordo com a Elos Ayta Consultoria, do dia 20 de janeiro, quando Trump tomou posse como presidente, até quinta (5), as ações da Tesla (TSLA) perderam US$ 452 bilhões em valor de mercado. A título de comparação, o volume corresponde a seis Petrobras.