“Estamos com a menor exposição em Brasil desde 2016”, diz sócio da Verde Asset

Por Daniel Rocha

30/08/2024 | 17:53 Atualização: 31/08/2024 | 9:29

Luiz Parreiras é gestor da Verde Asset (Foto: HÉLVIO ROMERO/ESTADÃO)

A ausência de cortes de gastos no orçamento público para garantir o equilíbrio fiscal dos próximos anos obrigou a Verde Asset a reduzir a sua posição em bolsa brasileira para o menor patamar dos últimos oito anos. A decisão acontece em um momento que o Ibovespa, principal índice da B3, caminha para encerrar agosto com uma alta de 6%, o melhor desempenho do ano.

“Estamos com menor exposição de bolsa brasileira desde 2016. Aproveitamos esse rali das últimas semanas para vender nossas posições (no Brasil)”, afirmou Luiz Parreira, sócio-gestor da Verde Asset, na tarde desta sexta-feira (30) durante participação da Expert XP. A preocupação em reduzir exposição ao mercado doméstico se deve às expectativas de uma retomada do ciclo de alta de juros no Brasil a partir de setembro, quando acontece a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), diante da deterioração fiscal.

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“Estou mais pessimista com a bolsa do Brasil do que há anos. Acho que teremos vários ciclos de altas de juros de 0,25 pontos percentuais. Vai ser um ciclo de alta que vai durar mais tempo e a maioria do mercado não está precificando um juro a 12%”, acrescentou Parreira. Com perspectiva no radar, a Verde aproveitou a recente alta do Ibovespa para vender algumas posições em ações brasileiras.

Os ganhos são motivados pela entrada do capital estrangeiro no mercado doméstico. Os dados mais recentes da B3 mostram que, do dia 1º até o dia 28 de agosto, a capitação líquida (a diferença entre entrada e saída) do capital estrangeiro está com um saldo positivo de R$ 9,6 bilhões. O volume marca o segundo mês consecutivo em que os gringos decidiram investir mais no Brasil do que retirar os seus recursos do mercado doméstico.

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A preferência, segundo a avaliação do gestor da Verde Asset, se deve à ausência de outros mercados emergentes mais atrativos. “Na hora em que esse dinheiro parar de entrar, não tem para onde a bolsa brasileira subir”, argumentou Parreira. “Nesta semana, o governo deu uma clara demonstração de que vai gastar mais seja dentro ou fora da regra fiscal”, acrescentou. As falas do gestor fazem referência à pretensão do governo federal em ampliar o programa auxílio-gás, anunciado nesta semana.