Cegonhas contam as melhores dicas de como começar no ramo dos bebês reborn e ganhar dinheiro com a febre das bonecas. (Foto: Divulgação/Júlia Brandão)
Por trás de todas as polêmicas recentes envolvendo os bebês reborn, pouco se falou sobre um aspecto surpreendente dessa nova febre: como ganhar dinheiro com seu potencial de negócio altamente lucrativo. Com bonecas que podem ultraar os R$ 10 mil, o universo das reborn – criado há mais de duas décadas – revela-se como uma verdadeira mina de ouro, que antes parecia estar escondida.
Bebês reborn: como é maternidade das bonecas com preço de até R$ 9,5 mil; veja o vídeo
Chamadas de “reborn”, que significa “renascido” em inglês, essas bonecas são feitas à mão com técnicas de pintura, escultura e montagem que buscam imitar, nos mínimos detalhes, um bebê real. Do peso até a textura da pele e os fios de cabelo implantados fio a fio, tudo é pensado para criar uma aparência hiper-realista. Nesta reportagem, o E-Investidor mostra como essa arte pode ir além e se transformar em uma fonte de renda.
Como funciona o mercado de bebê reborn no Brasil?
Bebê reborn produzido pela artesã Julia Brandão (Foto: Divulgação/Júlia Brandão)
Duas semanas, 14 dias, ou 336 horas. Esse é o tempo que Julia Brandão, 29 anos, leva para produzir um único bebê reborn. O ateliê dela fica em Três Lagoas, Mato Grosso do Sul, mas as suas bonecas ultraam as barreiras da cidade interiorana; a profissional “cegonha” – como é chamada a artista produtora de bonecas reborn – vende bebês reborn para o Brasil todo.
Em 2020, no mesmo período da pandemia, Brandão estava concluindo sua faculdade de fisioterapia ao mesmo tempo que trabalhava como maquiadora profissional, mas no meio do caminho encontrou os bonecos pela internet – amor à primeira vista. Naquele momento, seu intuito era somente adquirir e iniciar sua coleção pessoal, porém, com o preço elevado das bonecas, não era possível. Foi nesse momento que surgiu a ideia: se ela não podia comprar, então, ela mesma iria produzir o seu bebê reborn.
“Vi que seria possível criar do zero uma boneca. Foi aí que eu comecei a adquirir alguns cursos online, aprender técnicas diferentes e finalmente consegui produzir o meu primeiro bebê reborn do zero. Hoje em dia eu já tenho até a minha própria técnica”, diz. Com o ar do tempo, Brandão foi conseguindo clientes em sua cidade, depois em outros Estados, até chegar no seu modelo atual de negócio: ela aceita encomendas pela internet e envia para todo o Brasil. Além disso, hoje, seu perfil no Instagram (@ateliejuliabrandao) possui mais de 20 mil seguidores, junto com centenas de milhares de visualizações em suas publicações.
Já Sandra Medeiros, de 70 anos, atualmente é costureira especializada em roupinhas e órios para bebês reborn. Sua paixão pelas bonecas não começou com a febre do TikTok, mas sim há 20 anos, quando, fora do Brasil, a artista plástica descobriu o mundo dos bebês (quase) reais.
Por aproximadamente duas décadas Medeiros foi produtora de bonecas, assim como Brandão, mas se aposentou do posto em 2017 e ou a produzir roupas para esses bebês. “Eu gostava da ‘arte reborn’ e quando comecei osvalores dos bebês reborn eram bem mais altos (cerca de R$ 4,5 mil o bebê mais básico), mas costurar sempre foi meu sonho. Como não tinha tempo de fazer pois sempre fui empresária, quando vi a possibilidade de realizar esse sonho, larguei tudo e atualmente me dedico só a isto”.
Hoje, com filhos criados e independentes, Medeiros lidera o projeto “Solcats” (@solcatsreborn no Instagram), uma iniciativa que visa a castração de gatos de rua. Todo o dinheiro dos mais de 70 conjuntos que Sandra produz – de 3 a 4 por dia, em média – vai para esse projeto social.
Cursos, materiais e primeiros os para quem quer empreender
Possivelmente, uma das frases mais conhecidas dentro do mundo empreendedor é “para ganhar dinheiro, o empreendedor precisa investir dinheiro primeiro”. Tanto Bradão quanto Medeiros compartilham dessa visão de mercado. Entre as principais dicas das duas empreendedoras para pessoas que querem ganhar dinheiro com a febre reborn, está justamente essa. “Você precisa investir em cursos, seja de criação de moldes ou costura”, explica Medeiros.
“Qualquer pessoa que tenha interesse e que gosta de arte pode, sim, ser capaz de virar e ser uma artista reborn. Basta adquirir os cursos online onde ela pode aprender de dentro da casa dela, ter muita dedicação no que está fazendo. Se existe dedicação aos cursos, você consegue ir longe”, indica Brandão.
Em uma busca rápida pelo Google, é possível encontrar cursos online que vão de aproximadamente R$ 540 até R$ 2,5 mil, valor razoável para um investimento tendo em vista o retorno. Bebês reborn artesanais, como Brandão produz, custam em média de R$ 2 mil a R$ 10 mil a depender do modelo.
Já em relação à produção de órios, cursos de modelagem e costura são bem mais fáceis de se encontrar e chegam a ser muito íveis, como o curso livre e gratuito disponível no Senac, com emissão de certificado e 96 horas de aula. Dessa forma, apesar do custo com os cursos e materiais para produção (de R$ 500 a R$ 1,5 mil dependendo da qualidade e quantidade de material), o lucro vindo desses bebês e seus órios pode significar uma rentabilidade mensal significativa. E, para os artistas mais experientes, a produção de cursos online também pode se tornar uma fonte de renda extra no final do mês.
Por exemplo, apesar dos lucros de Brandão sofrerem variação devido a sua rotina agitada – além de artista, ela é casada e mãe de uma criança pequena –, a artesã revela que sua receita líquida (ou seja, já com todos os custos descontados) sempre varia entre R$ 5 mil, em meses menos conturbados, e R$ 10 mil, em meses mais agitados.
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Medeiros, por sua vez, conta que vende por volta de 70 conjuntos por mês. Suas roupinhas variam de R$ 130 a R$ 180, a depender do modelo e kit, gerando uma receita líquida de R$ 8 mil por mês.
Redes sociais e marketing: como alavancar as vendas de bebês reborn?
Além dos cursos, o empreendedor precisa investir tempo, e tempo é dinheiro. “Se caso você queira realmente ganhar dinheiro com os bebês reborn, você precisa se dedicar completamente a isso, porque tudo exige muito tempo”. Para Brandão, ter tempo para as bonecas não significa somente a produção delas, mas também todas as ações para promoção e venda dos bebês.
Dessa forma, uma das principais dicas que ela dá para os futuros empreendedores está relacionada ao marketing de redes sociais. “As principais contas seriam Instagram, Facebook e TikTok. Se a pessoa tiver um tempo maior e quiser criar uma conta no YouTube para mostrar os bebês, isso também aumenta o engajamento”, afirma.
Pense em uma loja em um shopping: a vitrine é o que faz as pessoas pararem e entrarem. No mundo online, quem assume o papel da vitrine são imagens, descrições e apresentação do produto – isso que chama a atenção e convida o cliente a conhecer mais. “Vai além da produção, você vai precisar istrar a loja online, istrar as redes sociais e você precisa aparecer. A internet é a vitrine dos bebês reborn, está vinculada totalmente com a comercialização deles, porque só assim se consegue vender bonecas para o Brasil e o mundo inteiro”, diz Brandão.
Medeiros compartilha da mesma opinião: “Para empreender nessa área o empreendedor não pode ter medo. Além de investir em cursos, precisa ter muitos contatos e usar as redes sociais todos os dias para divulgar o trabalho”.
Eventos e parcerias: como aumentar sua visibilidade?
Recentemente, junto com toda a febre das bonecas, ficaram conhecidos os encontros de relacionamento entre cegonhas e produtoras. Além de seguir na mesma linha da obtenção de contatos, serve como oportunidade para vender os seus produtos, quase como uma feira comercial, mas de bonecas.
Apesar de acontecerem normalmente no Ibirapuera, outra forma de conseguir uma renda extra – principalmente para profissionais que trabalham com eventos – consiste em organizar encontros como esse, mas com uma maior estrutura e conforto, e cobrar a entrada de colecionadoras ou comissão de vendas das cegonhas. O próximo encontro está marcado para dia 24 de maio, como compartilhado pela influenciadora digital Nane Reborn, uma das referências de conteúdo reborn nas redes, com 37 mil seguidores no Instagram e 95 mil inscritos no YouTube.
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Por fim, apesar de todas as dicas comerciais, as entrevistadas são unânimes nos conselhos para quem está entrando agora na febre para entender como ganhar dinheiro com bebês reborn: não desistir e não ter medo é essencial, mesmo com todas as polêmicas em torno do assunto nas redes sociais. “Não desista, principalmente no começo, porque aprender a lidar com o mundo dos bebês reborn pode parecer difícil, pode parecer impossível mas tudo vem da prática. Você vai começar a criar o vínculo com o público e a entender melhor sobre aquele mundo”, finaliza Brandão.