André Carvalho é o Diretor de Relação com Investidores (RI) do Bradesco (Foto: Bradesco/Divulgação)
Desde que o Bradesco(BBDC4) anunciou o processo de reestruturação, no início de 2024, o banco tem apresentado bons resultados ao mercado. Se antes os balanços estampavam queda no lucro e alta inadimplência, agora o cenário aponta para uma inversão na trajetória.
Em novembro de 2023, quando Marcelo Noronha foi anunciado como novo CEO no lugar de Octavio Lazari, o executivo prometeu melhorar a eficiência e entregar um retorno sobre patrimônio líquido (ROE) mais adequado aos negócios. O plano deu certo. Superando as expectativas de bancos como UBS e Itaú BBA, o Bradesco conseguiu entregar um ROE de 14,4% no primeiro trimestre deste ano, um salto de 4,2 pontos porcentuais em 12 meses. Já a inadimplência acima de 90 dias caiu e ficou em 4,1% no período, uma melhora de 0,9 pontos percentual na comparação anual.
As ações do Bradesco acumulam agora alta de 46% neste ano, refletindo os bons frutos no balanço do primeiro trimestre de 2025, no qual a instituição reportou lucro de R$ 5,9 bilhões, uma disparada de 39,3% em comparação com igual período do ano anterior.
Os analistas do mercado financeiro também revisaram as estimativas, como o Itaú BBA, Citi e BB Investimentos, que elevaram suas recomendaçõesda ação para compra.Para André Carvalho, Diretor de Relação com Investidores (RI) do Bradesco, o bom humor do mercado reflete o sucesso da reestruturação. “Já temos 50 mil clientes no Bradesco Principal (parte do banco focada em alta renda) e podemos chegar a 500 mil neste ano e 800 mil no fim de 2026. Atualmente, temos três escritórios dedicados a esse segmento e vamos aumentar para 45 no fim do ano”, diz Carvalho.
Com uma meta ambiciosa nas mãos, o banco diz que vai centralizar os esforços em elevar a oferta de produtos para o grupo private e reduzir a quantidade de contas por gerentes para um atendimento mais personalizado. A instituição financeira também feito mais investimentos em tecnologia para melhorar a qualidade do aplicativo do banco com avanço na eficiência no processamento de pagamentos.
Confira os principais trechos da entrevista:
E-Investidor — Noronha prometeu acabar com o “glamour” do 4° andar, ou seja, reduzir cargos de diretoria para reduzir custos e aumentar a eficiência do banco. Como está esse comprometimento?
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André Carvalho — Logo na largada, a atual istração mudou a estrutura organizacional do Bradesco, conferindo mais autonomia aos seus executivos e cortando três camadas na hierarquia. Ganhamos agilidade. Nossa indústria está se transformando rápido e deve continuar assim. Precisávamos nos ajustar a essa nova realidade. Além disso, estamos incentivando os nossos principais executivos a ar mais tempo nas respectivas áreas, colhendo opiniões, incentivando ações e disseminando o nosso programa de evolução cultural “SOU Bradesco”. A execução da nossa transformação e a melhoria operacional em curso exigem total atenção e proximidade da nossa liderança.
Quanto o Bradesco conseguiu reduzir em termos de custos desde o anúncio da reestruturação?
Avançamos bastante na agenda de eficiência do Bradesco desde 2023, mas temos muito a fazer. Nossa ambição é reduzir o nosso índice de eficiência (razão entre despesas operacionais e receitas operacionais) dos atuais 49,7% para 40% até 2028. Reconhecemos desde o início que os investimentos na transformação elevariam as despesas em um primeiro momento, mas aumentariam muito a nossa competitividade no longo prazo. Nossa opção foi por fazer esses investimentos. Além do banco, as empresas controladas, como a Cielo e Elopar, também vivem sua transformação e investem, pressionando as nossas despesas operacionais. Nosso esforço de controle de custos fica mais claro quando olhamos as despesas istrativas e de pessoal do Banco. Elas estão sob controle e crescendo abaixo da inflação.
O Bradesco afirmou que investiria em tecnologia para ter melhorias na qualidade de seus serviços. Quais foram os investimentos e metas superadas até o momento?
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Internalizamos mais de 1,4 mil pessoas para a área de tecnologia até março de 2025. Esse processo é contínuo e estamos cada vez mais produtivos e inovadores. Com isso, seus benefícios ganham escala com a utilização do modelo de agilidade empresarial e as diversas ferramentas de Inteligência Artificial. Ao todo, temos mais de 10 mil pessoas trabalhando em tecnologia para o Banco e isso continuará aumentando. Em meio a esses investimentos, a meta de migração das transações em cloud nos canais digitais foi superada, chegamos a 80%, e o volume de migração planejado para 2025 está sendo executado conforme a expectativa.
Qual será a proposta do banco para crescer no segmento de alta renda?
Estamos bem-posicionados no segmento de alta renda, e já somos o segundo maior banco neste segmento. Por isso, lançamos o novo segmento alta renda, o Bradesco Principal, e criamos a Business unit de Wealth (unidades de negócio voltadas para fortunas). Mudamos o conceito de atendimento do cliente de alta renda do Bradesco (BBDC4), integramos ainda mais os nossos bancos baseados no exterior e aumentamos a oferta de produtos e serviços para esse cliente de padrão de vida elevado. Reduzimos a quantidade de contas a serem istradas para cada gerente, criamos alguns benefícios exclusivos, e os nossos assessores de investimento estão dedicados na gestão da carteira dos clientes.