O Itaú BBA apresentou novas estimativas para o Banco do Brasil (BBAS3). Foto: Adobe Stock
O Itaú BBA revisou, em relatório divulgado nesta terça-feira (10), as suas projeções para as ações do Banco do Brasil (BBAS3). A casa espera que os próximos trimestres sejam ainda mais desafiadores que o primeiro para a empresa estatal devido aos ciclos naturais de pagamento e atraso do crédito, não projetando melhorias significativas em 2025.
O BBA reduziu o lucro estimado para o Banco do Brasil em 2025 em 30%, para R$ 24,7 bilhões. Já a projeção de lucro para 2026 caiu 24%, para R$ 30 bilhões, o que implica um Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE) de 14,6%. “A maior parte dos cortes nas estimativas veio do aumento das despesas com provisões (dinheiro reservado para cobrir os calotes dos clientes). Para os dois anos, adicionamos cerca de R$ 24 bilhões em provisões adicionais”, destaca o banco.
O preço-alvo para BBAS3 caiu de R$ 29 para R$ 25 por ação. Agora, o banco também trabalha com um payout (porcentagem de lucro distribuída em dividendos) de aproximadamente 30%, em comparação com o guidance(projeção) do BB de 40% a 45%. A nova estimativa para proventos implica um dividend yield (rendimento de dividendos) de 6%.
Segundo o Itaú BBA, o preço avaliado para BBAS3 pode parecer “descontado”, com a ação negociando a 0,6 vezes o valor patrimonial projetado para 2025 ou a 5 vezes o lucro projetado, mas a incerteza e os lucros fracos provavelmente impedirão uma reprecificação das ações. “Mantemos nossa visão cautelosa sobre os papéis, com recomendação market-perform (equivalente a neutro)”, ressalta.
Por que o BBA está mais pessimista com Banco do Brasil?
O Itaú BBA vê condições mais desafiadoras na carteira de agronegócio do BB, por diferentes fatores. Um dos pontos representa uma questão de legislação. Com a Lei 14.122/2020, produtores rurais pessoa física aram a poder pedir recuperação judicial. Dessa forma, advogados começaram a oferecer ativamente essa alternativa aos produtores como forma de adiar ou renegociar dívidas. Na visão do BBA, com o novo marco legal, o produtor pode ter capacidade para pagar, mas menor disposição.
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“Outro fator que pode ter contribuído para a piora na carteira do BB é o aumento da concorrência por crédito no setor. Grandes bancos e cooperativas vêm ganhando espaço. Um bom cliente que antes só buscava o Banco do Brasil hoje tem diversas alternativas”, acrescenta a casa.
Apesar de as condições de safra estarem evoluindo bem, o banco enxerga que a disposição dos clientes para pagar parece ter diminuído. “Diante dessas surpresas negativas, é provável que um risco adicional seja incorporado aos modelos de perda esperada. No total, estimamos provisões adicionais de aproximadamente 3%, elevando o total para 8% da carteira agro até 2026, o que pesa sobre os lucros do banco.”
Investidor deve se preparar para o 2º trimestre
O BBA explica que o segundo trimestre do Banco do Brasil tende a ser pior que o primeiro, pois mais pagamentos vencem no período de abril a junho. De acordo com a casa, muitos empréstimos do BB são sazonais e causam impacto direto na receita e provisões quando vencem.
A nova temporada de crédito para safra começa no terceiro trimestre, o que pode incentivar quitações e negociações. Os “frutos” dessa safra melhor, no entanto, só devem entrar na carteira gradualmente nos próximos 12 meses, segundo o BBA.
Na visão do banco, os problemas de crédito do Banco do Brasil também não se limitam ao agronegócio. “O agro foi a maior surpresa negativa, mas a deterioração da qualidade do crédito também se espalha por outras carteiras. Já havíamos alertado para esse risco devido ao forte crescimento das renegociações, agora agravado pelo ambiente de crédito mais caro”, diz. “Assim como no agro, esperamos que a inadimplência no varejo e nas empresas continue subindo, antes de recuar no final de 2026″, acrescenta.