O Citi voltou a cobrir a Cosan (CSAN3), o conglomerado controlado por Rubens Ometto, com a recomendação de compra da ação e preço-alvo de R$ 14, quase o dobro do que o papel é negociado no pregão da B3 nesta terça-feira (22), a R$ 7,08. A expectativa é que o grupo continue com o processo de venda de ativos como uma estratégia para reduzir o endividamento.
Para os analistas do Citi, o principal movimento para reduzir o endividamento da Cosan foi a venda em janeiro das ações que o grupo tinha da Vale (VALE3), em uma operação de mais de R$ 9 bi na B3, dinheiro usado em parte para recompra de dívidas no exterior e no Brasil. Outro movimento positivo foi a aquisição pela Cosan Nove Participações de ações do Itaú (ITUB4) na Raízen (RAIZ4), em negócio de R$ 2,169 bilhões, anunciado no começo deste mês.
“Esperamos que a Cosan continue fazendo esforços para reduzir ainda mais sua alavancagem durante o ano”, escrevem Gabriel Barra e Pedro Gama. Entre potenciais ativos a serem vendidos, o Citi menciona o porto de São Luis, uma fatia na Com, além de outros nomes que podem estar na mesa.
Entre os principais gatilhos descritos pelo Citi para fazer a ação da Cosa subir estão: avanço nas vendas de ativos e redução da alavancagem; melhora dos resultados operacionais da Raízen, fazendo a empresa distribuir mais dividendos; melhora do ambiente macroeconômico no Brasil, com redução dos juros.
Embora falte visibilidade mais clara no curto prazo sobre os dois primeiros fatores, o Citi destaca que vê a ação como uma “boa opção para investidores que desejam assumir mais riscos” já se antecipando a um momento de juros mais baixos no Brasil. O banco americano acredita que os cortes devem vir a partir de 2026.
O Citi projeta que a Cosan deve receber cerca de R$ 2,3 bilhões em dividendos de suas empresas investidas, enquanto deve desembolsar cerca de R$ 2,7 bilhões em despesas financeiras e cerca de R$ 300 milhões em despesas gerais e istrativas. Ou seja, o fluxo de caixa deve ser negativo para o ano.
Para os analistas do Citi, a Cosan não deve enfrentar questões relevantes pelo lado das dívidas, uma vez que o grupo já istrou seus pagamentos de ivos no médio e longo prazo, processo que a venda de ações da Vale ajudou. Ao mesmo tempo, o banco não prevê um forte pagamento de dividendos para a holding de suas empresas.
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A venda de papéis da Vale ajudou a empresa a reduzir o risco de quebra de covenants (garantias), ressalta o relatório. A empresa assumiu com seus certo credores em determinadas dívidas um limite de alavancagem de 3,5 vezes, considerando a dívida líquida em relação ao Ebitda. No quarto trimestre de 2024, esse indicador estava em 2,9 vezes. Para os analistas, esse não é um ponto de preocupação.