A SLC Agrícola (SLCE3) deve registrar melhora operacional em 2025, impulsionada pelo clima mais favorável e expansão da área plantada, mas o cenário de juros elevados e alavancagem persistente ainda limitam o potencial de valorização das ações no curto prazo. A avaliação é do Citi, que manteve recomendação neutra para os papéis com preço-alvo de R$ 21 por ação, alta potencial de 8,8% ante o fechamento de quinta-feira (29), de R$ 19,30.
Os analistas Gabriel Barra e Pedro Gama projetam Ebitda (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado de R$ 2,54 bilhões em 2025, com margem de 31,9% sobre receita líquida estimada em R$ 7,96 bilhões. O resultado representa melhora ante 2024, quando o Ebitda ajustado foi de R$ 2,04 bilhões, com margem de 29,4%. Para 2026, as estimativas indicam Ebitda de R$ 2,98 bilhões e margem de 34,2%. “Embora estejamos confiantes na capacidade da SLC de entregar melhores resultados operacionais, acreditamos que a companhia não deve apresentar fluxo de caixa livre robusto nos próximos dois anos”, destacaram os analistas em relatório. O banco projeta fluxo de caixa livre para o acionista de apenas 1,83% em 2025, ante 8,3% registrado em 2024.
A melhora operacional tem como base o clima mais regular nesta temporada e o aumento da área plantada para o próximo ciclo, apoiado por aquisições recentes e novos acordos. A companhia já reportou Ebitda ajustado de R$ 944 milhões no primeiro trimestre, com margem robusta de 40,5%, sinalizando o potencial de melhora ao longo do ano. O Citi projeta lucro líquido de R$ 806 milhões em 2025, com lucro por ação de R$ 1,83, alta de 57,7% sobre os R$ 509 milhões de 2024. Para 2026, a estimativa é de lucro de R$ 1,06 bilhão e lucro por ação de R$ 2,40.
A recomendação neutra é sustentada por três fatores principais, segundo os analistas: cenário de juros elevados no Brasil, alavancagem financeira persistente e ceticismo quanto à valorização consistente dos preços de grãos. “Nossa visão está alinhada com a equipe global de commodities do Citi, que prevê comportamento neutro para as cotações na bolsa de Chicago diante de exportações resilientes”, explicaram.
Mesmo assim, o banco reconhece que a SLC mantém vantagens competitivas estruturais, operando com produtividade acima da média brasileira. Essa performance é atribuída ao uso intensivo de tecnologia, maior eficiência operacional e diversificação geográfica das fazendas, mitigando riscos climáticos. Entre os principais riscos para o preço-alvo, o Citi cita valorização do real, condições climáticas desfavoráveis e queda adicional nos preços das commodities agrícolas. Como catalisadores positivos, destacam valorização de terras, ganhos de produtividade e eventual depreciação cambial.