As bolsas de Nova York fecharam em alta nesta sexta-feira (6), impulsionadas por um forte relatório de empregos nos Estados Unidos, que ajudou a aliviar preocupações sobre a saúde do mercado de trabalho. O S&P 500 atingiu os 6.000 pontos, enquanto as ações da Tesla tiveram recuperação parcial, em meio ao noticiário sobre troca de comentários entre o CEO Elon Musk e o presidente dos EUA, Donald Trump. Os títulos de renda fixa de dívida pública do governo norte-americano (Treasuries) e o dólar também subiram hoje.
O Dow Jones subiu 1,05%, aos 42.762,87 pontos. O S&P 500 avançou 1,31%, para 6.000,36 pontos, superando os 6.000 pontos pela primeira vez desde fevereiro. O Nasdaq teve alta de 1,20%, aos 19.529,95 pontos. Os dados são preliminares.
A Tesla ganhou 3,82% nesta sexta, após despencar 14% na véspera por conta do embate público entre Musk e Trump. O bilionário deu sinais de que pretende esfriar o confronto, enquanto o presidente afirmou não ter interesse em retomar o diálogo. A Microsoft subiu 0,6%, a US$ 470,38 por ação e reforçando sua posição como empresa mais valiosa dos EUA, com valor de mercado de US$ 3,476 trilhões. A Broadcom, por sua vez, recuou 5% após forte rali pré-balanço.
Apesar da queda, os resultados da empresa reforçaram o apetite por inteligência artificial, impulsionando papéis de rivais como Nvidia, Micron Technology e Palantir Technologies. As ações da United Airlines e da American Airlines também avançaram no pregão, com altas de 4,83% e 4,53%, respectivamente, após a notícia de que ambas firmaram acordos para incorporar jatos supersônicos às suas frotas.
No radar macroeconômico, o relatório de emprego (payroll) indicou a criação de 139 mil vagas em maio, acima da projeção de 125 mil. Para a Capital Economics, o dado “não é tão bom quanto parece”, mas mostra que as tarifas “têm tido pouco impacto negativo” até aqui. No front comercial, Trump trouxe algum alívio ao anunciar que as negociações entre Estados Unidos e China devem acontecer na próxima semana, em Londres. Na semana, o S&P 500 subiu 1,50%; o Dow ganhou 1,17% e o Nasdaq teve avanço de 2,18%.
Juros dos EUA disparam
Os rendimentos dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos dispararam nesta sexta-feira, especialmente nos vencimentos mais curtos, depois que o relatório oficial de emprego do país indicou um mercado de trabalho em desaceleração, mas ainda resiliente, reduzindo as expectativas de cortes de juros pelo Federal Reserve (Fed, o BC dos EUA).
Por volta das 17h (horário de Brasília), o juro da T-note de 2 anos subia a 4,038%. O rendimento da T-note de 10 anos avançava a 4,505%, enquanto o T-Bond de 30 anos tinha alta para 4,963%.
Houve criação líquida de 139 mil postos de trabalho no mês ado, número inferior ao dado revisado de abril, mas superior às projeções do mercado. A taxa de desemprego permaneceu em 4,2%, conforme o esperado.
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A divulgação do payroll acelerou a alta dos rendimentos dos Treasuries, mas eles já vinham subindo antes disso, enquanto o mercado acompanhava a troca de ofensas e acusações públicas entre o Donald Trump e o bilionário Elon Musk, que até pouco tempo integrava seu governo.
Os investidores ainda seguem atentos aos desdobramentos da guerra comercial entre EUA e China. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta sexta-feira que o encontro entre representantes comerciais americanos e chineses ocorrerá em 9 de junho, próxima segunda-feira, em Londres.
O diferencial entre os rendimentos dos Treasuries de 2 e 30 anos deve continuar se ampliando, inclinando ainda mais a curva entre esses dois vencimentos, diz em nota Mark Dowding, CIO de Renda Fixa da RBC BlueBay Asset Management.
Segundo ele, as preocupações com o déficit fiscal dos EUA devem acentuar esse movimento. Atualmente, o Senado americano está negociando o projeto de lei orçamentário aprovado pela Câmara dos Representantes, e há poucas evidências de que ele ajudará a reduzir o déficit americano, afirma.
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Preocupações com a perspectiva fiscal de longo prazo dos EUA, a desvalorização do dólar e os custos de hedge cambial tornam os Treasuries menos atrativos para muitos investidores, diz Jussi Hiljanen, da SEB Research, em nota. Ainda assim, o estrategista-chefe não espera uma venda significativa, projetando leve alta nos rendimentos de 10 anos nos próximos meses.
“Esperamos que o rendimento do Treasury de 10 anos fique em torno de 4,50%, enquanto o de 2 anos deve recuar para perto de 3,50%”, afirma Hiljanen. Isso resultará em uma curva de juros mais inclinada – com aumento do diferencial entre os vencimentos curtos e longos -, embora existam riscos de uma reprecificação mais significativa.
Moedas globais: dólar avança
O dólar ganhou força contra seus principais pares globais nesta sexta-feira, impulsionado pela percepção de alívio nas tensões comerciais entre Washington e Pequim e sobretudo pelo relatório oficial de emprego dos Estados Unidos, que surpreendeu ao mostrar criação líquida de postos de trabalho em maio acima das expectativas do mercado.
O índice DXY, que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis moedas fortes, subiu 0,45%, a 99,190 pontos. Na semana, o DXY acumulou queda de 0,24% Por volta das 16h50 (horário de Brasília), o dólar subia para 144,82 ienes, enquanto o euro recuava para US$ 1,1401 e a libra era negociada em baixa, a US$ 1,3529.
Para os analistas do MUFG, o impulso dos dados de emprego sobre o dólar pode ser limitado, pois os detalhes payroll revelam algumas fraquezas. O panorama geral ainda é “consistente com um mercado de trabalho em desaceleração”, afirmam. Houve revisões significativas para baixo em meses anteriores. A criação de empregos também dependeu fortemente dos setores não cíclicos de saúde e educação, dizem os analistas.
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Dados recentes sobre a criação de empregos no setor privado e pedidos semanais de auxílio-desemprego no país foram fracos.
Ainda sobre os dados do payroll, Nicholas Hyett, gestor da Wealth Club, destaca em nota que o crescimento dos salários também foi maior que o esperado, o que sugere que a economia americana está muito saudável. Cortes de juros por parte do Federal Reserve (Fed) nos próximos meses parecem menos prováveis, diz Hyett.
Antes da divulgação do relatório, o índice DXY já mostrava alguma recuperação devido à conversa por telefone do presidente Donald Trump com seu homólogo chinês, Xi Jinping.
Nas trocas com moedas emergentes, o dólar era cotado a 85,795 rupias indianas, perto das 16h50 (de Brasília), ante 85,800 no mesmo horário da sessão anterior, após o Banco Central da Índia surpreender com corte da taxa de juros de 0,50 ponto porcentual, mais profundo do que o esperado, para proteger a economia.