As bolsas de Nova York fecharam em queda nesta terça-feira (20), depois de ignorarem o rebaixamento da nota de crédito dos Estados Unidos no pregão de ontem. Preocupações de que o alívio dos investidores com a desaceleração da inflação e a redução das tensões comerciais possa ser prematuro pesaram sobre o sentimento do mercado, interrompendo um rali de seis sessões consecutivas do S&P 500. O dólar também caiu, enquanto os títulos de renda fixa de dívida pública do governo norte-americano (Treasuries) subiram.
O Dow Jones caiu 0,27%, aos 42.677,24 pontos; o S&P 500 recuou 0,39%, aos 5.940,46 pontos; e o Nasdaq fechou em baixa de 0,38%, aos 19.142,71 pontos. Os dados são preliminares.
Em mais um dia sem indicadores econômicos nos EUA, os investidores acompanharam os discursos de autoridades do Federal Reserve (Fed, o BC dos EUA), incluindo o presidente do Fed de St. Louis, Alberto Musalem, que destacou que as tarifas podem reduzir a atividade econômica e exercer pressão inflacionária, pelo menos no curto prazo.
A Home Depot, a maior varejista de materiais para construção e reforma, divulgou lucro ajustado abaixo da estimativa dos analistas. As ações da companhia recuaram 0,6%. A rival Lowes, que divulga resultados trimestrais na quarta-feira, caiu 1,4%.
A Moderna subiu 6%, depois que a Agência de Saúde e Alimentos dos EUA (FDA, na sigla em inglês) anunciou a manutenção de sua política atual de vacinas contra a Covid-19 – uma abordagem mais branda do que a que autoridades do governo Donald Trump pareciam prestes a adotar.
A Tesla ganhou 0,5%, após o bilionário Elon Musk afirmar que espera continuar no cargo de presidente-executivo da empresa pelos próximos cinco anos, segundo o Wall Street Journal.
A UnitedHealth avançou 1,8%, depois de subir 8,2% na véspera – maior ganho porcentual diário desde 4 de novembro de 2020. A Nvidia caiu 0,9%.
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A D-Wave Quantum saltou 26%, após sua sexta geração de sistemas quânticos se tornar disponível via nuvem. A gestão da D-Wave destacou aplicações da tecnologia em tarefas como otimização de cadeias de suprimento e alocação de recursos.
Juros de longo prazo dos EUA avançam
Os rendimentos dos títulos longos do Tesouro dos Estados Unidos voltaram a subir nesta terça-feira, em meio a preocupações com a situação fiscal do país. Em mais um dia de agenda sem dados econômicos dos EUA, os investidores ficaram atentos a comentários de uma série de autoridades do Federal Reserve (Fed).
Por volta das 17h (horário de Brasília), o juro da T-note de 2 anos subia a 3,973%. O rendimento da T-note de 10 anos tinha alta para 4,484%, enquanto o T-Bond de 30 anos avançava para 4,966%.
Após caírem nas primeiras horas de hoje, os juros dos Treasuries renovaram as máximas intraday em toda a curva ainda pela manhã, enquanto o ex-presidente Donald Trump discursava na Câmara dos Representantes em defesa de um projeto de lei que pode ampliar o déficit orçamentário e aumentar as pressões sobre a dívida pública americana.
O mercado da dívida americana iniciou a semana reagindo ao rebaixamento da classificação de crédito pela Moodys, na sexta-feira ada, e ao avanço do pacote tributário do Partido Republicano no Comitê de Orçamento da Câmara dos Representantes, no domingo.
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“Os rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA podem encontrar algum e na cautela do Fed”, diz em nota Joseph Dahrieh, da Tickmill, mencionando os comentários do presidente do Fed de Atlanta, Raphael Bostic, que ontem reiterou uma abordagem menos agressiva do que o mercado precifica atualmente para a política monetária dos EUA.
Nesta terça-feira, o presidente do Fed de St. Louis, Alberto Musalem, disse que a política monetária está bem posicionada
“Os investidores vão monitorar de perto os discursos futuros de autoridades do Fed em busca de novas pistas sobre a política do banco central”, afirma Dahrieh.
A empresa de serviços financeiros Jefferies continua apostando em uma curva de rendimentos mais inclinada – com aumento da diferença entre os rendimentos de títulos de curto e longo prazos.
“Devemos ver um prêmio de prazo mais alto ao longo da curva de juros dos EUA”, afirma o economista Mohit Kumar, referindo-se ao prêmio extra que os investidores exigem para deter um título de longo prazo em vez de um de vencimento curto.
Moedas globais: dólar recua
O dólar opera em baixa nesta terça-feira e amplia as perdas da véspera, pressionado pelo rebaixamento da nota de crédito dos Estados Unidos pela Moodys. A cautela dos investidores antes das negociações comerciais com o Japão, marcada para esta semana em Washington, também contribui para a fraqueza da moeda americana.
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O índice DXY, que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis moedas fortes, recuou 0,3%, a 100,118 pontos. Por volta das 16h50 (horário de Brasília), o dólar cedia a 144,48 ienes, enquanto o euro se fortalecia a US$ 1,1284 e a libra esterlina era negociada em alta, a US$ 1,3390.
O iene japonês mantém trajetória de valorização frente ao dólar, com ganhos em cinco dos últimos seis pregões. Embora o par USD/JPY tenha ficado estável hoje, durante a madrugada na Ásia a moeda americana chegou a cair até 144,09 ienes, antes de recuperar parte das perdas.
No caso do euro, o fortalecimento da moeda tem sido impulsionado por declarações da presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, que enxerga a valorização do euro como uma “oportunidade e não uma ameaça”. Já o acordo comercial entre Reino Unido e União Europeia, focado em alimentos e pesca, anunciado na segunda-feira, tende a ter impacto limitado sobre a libra, segundo analistas da Monex Europe.
O dólar australiano destoou das demais moedas e perdeu força ante o dólar americano após o Banco Central da Austrália anunciar um corte nos juros.
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Já o dólar canadense, embora favorecido por dados de inflação acima do esperado, deve ter seu potencial de valorização limitado. Analistas destacam que a interdependência entre as economias canadense e americana reduz o espaço para movimentos mais intensos na taxa de câmbio.