Na volta do feriado de Memorial Day, as bolsas de Nova York fecharam a terça-feira (27) em alta e recuperaram parte das perdas acumuladas na semana ada, em reação ao índice de confiança do consumidor americano, divulgado pelo Conference Board, e à decisão do presidente Donald Trump, no fim de semana, de adiar para 9 de julho a aplicação de tarifa de 50% sobre as importações da União Europeia. O dólar também subiu, enquanto os títulos de renda fixa de dívida pública do governo norte-americano (Treasuries) recuaram.
O Dow Jones subiu 1,78% aos 42.343,65 pontos; o S&P 500 avançou 2,05%, aos 5.921,54 pontos; e o Nasdaq fechou em alta de 2,47%, aos 19.199,16 pontos. Os dados são preliminares.
A ação da Tesla ganhou 6,94%, mesmo com queda nas vendas na Europa pelo quarto mês consecutivo. O impulso veio de declarações do CEO Elon Musk, que no fim de semana afirmou ter retornado ao trabalho integral na montadora – assim como em suas outras empresas. A Tesla caiu 3% na semana ada, encerrando uma sequência de quatro semanas de alta. O projeto de lei fiscal e de gastos recém-aprovado pela Câmara dos EUA inclui medidas que obrigam donos de veículos elétricos a pagar taxas anuais, enquanto o Senado votou para revogar uma medida da Califórnia que proibia a venda de novos carros a gasolina a partir de 2035.
A Apple teve recuperação mais modesta, subindo 2,5%%. O papel caiu 3% na sexta-feira, após Trump ameaçar impor uma tarifa de 25% sobre iPhones fabricados fora dos EUA.
A Salesforce confirmou a aquisição da empresa de software de gestão de dados Informatica por US$ 8 bilhões e viu sua ação subir 1,49%, após queda de 3,6% na sexta-feira, quando surgiram os primeiros relatos sobre o acordo. A Informatica subiu 6%, após saltar mais de 17% na sessão anterior.
A U.S. Steel avançou 2,04%. Na sexta-feira, a ação disparou 21%, depois que Trump anunciou uma “parceria planejada” com a japonesa Nippon Steel.
Juros dos EUA recuam
Os rendimentos dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos voltaram a recuar nesta terça-feira, após ganharem fôlego brevemente com a divulgação do índice de confiança do consumidor americano, pelo Conference Board, que superou as expectativas na leitura de maio. Os juros dos Treasuries seguem tendência de queda desde que o presidente Donald Trump adiou a imposição de uma tarifa de 50% sobre importações da União Europeia, aumentando a demanda pelos títulos americanos.
Por volta das 17h00 (horário de Brasília), o juro da T-note de 2 anos caía a 3,977%. O rendimento da T-note de 10 anos recuava a 4,446%, enquanto o T-Bond de 30 anos cedia a 4,951%. Na última sexta-feira, antes do feriado de Memorial Day, o juro da T-note de 2 anos estava em 3,994% perto das 15h00 (de Brasília). O rendimento da T-note de 10 anos oscilava em torno de 4,514%, enquanto o T-Bond de 30 anos estava em 5,038%.
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Os rendimentos americanos acompanharam movimento global deflagrado por relatos de que o Japão considerará reduzir a emissão de títulos ultralongos em seu programa para o atual ano fiscal, após os recentes aumentos acentuados nos rendimentos dos JGBs. A diminuição da oferta pode levar a alocações adicionais nos Treasuries, o que pressionaria as taxas para baixo.
O Departamento do Tesouro dos EUA leiloou hoje US$ 69 bilhões em T-notes de 2 anos, com rendimento máximo de 3,955% – abaixo da média recente de 4,128%, de acordo com o BMO.
Antes do dado do Conference Board, que aparentemente estimulou algum apetite por risco, elevando os rendimentos dos Treasuries por alguns minutos, o Departamento do Comércio dos EUA divulgou que as encomendas de bens duráveis em abril caíram menos do que o esperado, mas o dado pouco alterou o mercado da dívida americana.
Os rendimentos dos Treasuries correm o risco de subir novamente devido à incerteza tarifária e preocupações fiscais, diz em nota Benjamin Schroeder, do ING Group. Após a aprovação do projeto orçamentário de Trump na Câmara dos Representantes, as atenções estão voltadas para eventuais alterações que possam viabilizar a aprovação da medida no Senado, aliviando preocupações sobre a situação fiscal dos EUA, afirma o estrategista sênior de juros.
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A divulgação de dados benignos do índice de preços dos gastos com consumo – medida preferida de inflação do Federal Reserve (Fed) -, na sexta-feira, não ajudará os Treasuries de longo prazo se a ameaça de um aumento tarifário continuar relevante, diz Schroeder.
Moedas globais: dólar sobe
O dólar opera em alta nesta terça-feira, tentando recuperar parte das perdas recentes e levando o índice DXY, que mede a variação da moeda americana ante uma cesta de pares fortes, a oscilar na faixa de 99 pontos. O movimento é impulsionado pelo alívio nas tensões comerciais entre Estados Unidos e União Europeia (UE) e por dados econômicos acima do esperado.
O índice DXY, que mede o desempenho do dólar em relação a uma cesta de moedas fortes, subia 0,41%, a 99,521 pontos, após o feriado do Memorial Day nos EUA ontem. Por volta das 16h50 (horário de Brasília), o dólar avançava a 144,27 ienes, enquanto o euro caía para US$ 1,1337 e a libra era negociada em queda, a US$ 1,3513.
O fortalecimento da moeda americana vem após o presidente Donald Trump anunciar o adiamento das tarifas de 50% sobre produtos da UE. Uma porta-voz da Comissão Europeia afirmou que concordaram em “acelerar as negociações comerciais”, o que contribuiu para o alívio no mercado.
Outro fator de e veio do índice de confiança do consumidor nos EUA, que subiu para 98 em maio, superando as projeções dos analistas. “O dado mostra que as famílias americanas estão dispostas a avançar, mesmo diante do cenário de tarifas anunciadas pelo governo Trump”, disse Stephen Stanley, economista-chefe do Santander.
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O iene segue pressionado diante de especulações de que o governo japonês poderá rever seu plano de emissões para conter a alta dos juros dos títulos ultralongos. “O recuo do iene, após a queda nos rendimentos de longo prazo no Japão, pode se aprofundar, mas tende a ser limitado”, avalia Derek Halpenny, do MUFG Bank.
Já o dólar australiano tende a se valorizar frente à moeda americana, apoiado por melhores expectativas de crescimento econômico na Austrália em comparação com os EUA. “Com o atual descolamento entre moedas e juros, as projeções de crescimento devem ganhar mais peso nas tendências de câmbio”, afirma Olivier Korber, estrategista do Société Générale.
O euro também pode ganhar tração caso autoridades da região continuem a defender a moeda como uma alternativa viável ao dólar, segundo sco Pesole, do ING. Já a libra esterlina continua em perspectiva de alta, apoiada pela abordagem cautelosa do Banco da Inglaterra (BoE) em relação ao ciclo de cortes de juros, avalia Enrique Diaz-Alvarez, economista da Ebury.