O Santander rebaixou as recomendações dos papéis da Stone e do PagBank para neutro. O banco considera que a Stone deve sofrer mais com o potencial de concorrência maior, agora que Cielo (CIEL3) foi deslistada e com as plataformas de recebíveis tomando volumes de adquirentes enquanto comprimem os spreads. Já PagBank tende a ser mais afetada por um ambiente de Selic mais alta e pelo Pix, apontam Henrique Navarro e Anahy Rios, em relatório.
A expectativa para 2025 é de que a indústria como um todo deve continuar pressionada por cinco pontos: o fato de que o volume total de pagamentos (TPV) acelerado não se materializou em lucros maiores; o ambiente de Selic mais alta, que prejudica os custos de financiamento; o PIX, que afeta volumes e margens (com novos recursos do PIX sendo lançados); aumento da concorrência, agora que Cielo foi deslistada; e plataformas de recebíveis ganhando espaço no Brasil.
“A Cielo foi deslistada em 2024 e desde então tem sido 100% de propriedade de seus acionistas: Banco do Brasil (BBAS3) e Bradesco (BBDC3;BBDC4). Acreditamos que esses bancos farão com a Cielo exatamente o que o Itaú fez em 2012 quando deslistou a Rede (na época Redecard): eles usarão o braço adquirente como um instrumento para ganhar participação de mercado no volume total de pagamentos (TPV) para monetizar esse volume no lado bancário”, avaliam.
A única vantagem, segundo os analistas, seria a possibilidade de um M&A. “Em caso de defesa, o movimento mais óbvio, em nossa opinião, seria que os adquirentes independentes (por exemplo, PAGS e Stone) tentassem enfrentar os adquirentes incumbentes (por exemplo, Cielo, Rede e GetNet) por meio de M&A. Como PAGS e Stone operam em segmentos diferentes, acreditamos que se eles buscassem o M&A, não haveria muita sobreposição em seus números de TPV e base de clientes, enquanto ao mesmo tempo, as sinergias poderiam ajudar o resultado final através de custos operacionais mais baixos”, ponderam.
Como o Citi avalia as ações da Stone e PagBank?
O Citi também rebaixou as recomendações para os papéis da Stone e do PagBank de compra para neutro, considerando que a expectativa de uma taxa de juros elevada (a equipe macro do banco prevê que Selic atinja 15,5% até junho) deve fazer com que as companhias enfrentem dificuldades financeiras significativas.
“Nossa recomendação agora é evitar a indústria, pois a economia está sob pressão, e não vemos uma luz no fim do túnel”, afirmam Gustavo Schroden, Arnon Shirazi, e Brian Flores, em relatório.
Além de pressões macroeconômicas, o Citi vê desafios específicos para a indústria de meios de pagamento, como a desaceleração do crescimento de volume, volumes de baixa qualidade (por exemplo, bets e transações transfronteiriças) e o PIX. “A adoção do PIX sem contato e PIX parcelado aumenta a complexidade”, avaliam.
O Citi também cortou o preço-alvo da Stone de US$ 19 para US$ 9, implicando um potencial de valorização de 3% em relação ao fechamento de quarta-feira, 15. O banco diz ainda que o guidance de lucro líquido da empresa para 2027 está em risco, e as esperanças estão na distribuição de retorno de capital a acionistas (a venda da Linx poderia ser o gatilho).
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O preço-alvo do PagBank foi reduzido de US$ 17 para US$ 7, implicando um potencial de valorização de 1,15% em relação ao fechamento da véspera. “Estamos mais céticos com a expansão de volume da PagSeguro, pois tendemos a concordar com o argumento da baixa qualidade (dadas as baixas margens), mas o valuation está muito comprimido para sustentar uma recomendação de venda”, acrescentam Schroden, Shirazi, e Flores.