IPCA-15 é conhecido como prévia da inflação. (Foto: Adobe Stock)
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15) de maio registrou alta de 0,36%, após ter subido 0,43% no mês anterior, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado ficou perto do piso das estimativas dos analistas do mercado financeiro consultados pelo Projeções Broadcast, que apontava avanço de 0,44%. O intervalo das estimativas ia de alta de 0,35% a 0,53%. a leitura benigna do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15) impulsiona papéis mais sensíveis ao ciclo de econômico e consequentemente o principal indicador da B3. Os juros futuros e o dólar à vista cedem nesta manhã.
O Ibovespa hoje saltou quase 2.250 pontos desde a abertura desta terça-feira (27), retomando o nível dos 140 mil pontos com a prévia da inflação menor do que o esperado. O mercado também repercute leilão de dólares e mudanças no IOF – saiba mais sobre os assuntos do dia. Às 12h34, o Ibovespa subia 1,12%, a 139.614,87 pontos, perto da máxima intraday de 140.381 pontos.
No câmbio, o leilão de linha de rolagem de até US$ 1 bilhão pode ajudar a conter pressão no dólar no Ibovespa hoje, enquanto o mercado acompanha a repercussão política do novo decreto do IOF. Reunião de líderes na Câmara deve debater nesta semana um pedido de suspensão do decreto do governo. O dólar opera perto da estabilidade às 12h32, com queda de 0,23%, cotado a R$ 5,6618.
O resultado de maio do IPCA-15 abriu uma série de visões entre os principais economistas ouvidos pelo Broadcast, que vão desde o encerramento do ciclo de alta da Selic, em 14,75% ao ano, até um sinal de direcionamento da inflação à meta. Há visões mais pessimistas também, com especialistas alertando para o nível elevado da inflação, principalmente no núcleo — medida que busca a tendência inflacionária com a retirada ou redução de itens temporários ou voláteis.
Na avaliação do economista da ASA, Leonardo Costa, o dado trouxe surpresas importantes na inflação de serviços e de bens. “A despeito da surpresa com a desaceleração, o patamar dos núcleos segue elevado. A média móvel de três meses desacelerou para 7,4%, ou seja, ainda incompatível com o intervalo do regime de metas”, destacou Costa.
O economista da ASA considera que, em termos de política monetária, a desaceleração do IPCA-15 pode ser interpretada como um movimento em direção à meta, além de uma “surpresa bem-vinda” em um período de final de ciclo de aumento de juros.
O Itaú destacou que a desaceleração do índice no mês a mês teve como componente importante e principal surpresa a alimentação no domicílio, resultado influenciado por carne bovina e alguns tubérculos. “A leitura qualitativa também surpreendeu positivamente, com serviços subjacentes abaixo do esperado, puxados por conserto de automóvel”, disse Luciana Rabelo, economista do Itaú Unibanco, em relatório.
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Mais do que uma desaceleração no índice cheio em maio, o IPCA-15 teve, entre as boas notícias, uma melhora na parte qualitativa da inflação, avalia o economista da Quantitas, João Fernandes. “A inflação de serviços tem gradualmente desacelerado, há uma suavização”, afirma o economista que, no entanto, não vê muito espaço para essa desinflação ganhar mais tração à frente. “A tendência de desaceleração não deve ser tão duradoura. Os fundamentos que balizam a inflação de serviços, que são salário e emprego, continuam muito fortes”, avalia Fernandes.
A Armor Capital avalia que o IPCA-15 mostra uma dinâmica benigna, mas, assim como Costa, enxerga a média dos núcleos ainda elevada, algo que deve trazer cautela para as projeções dos próximos meses. Segundo o economista Gustavo Rostelato, da Armor, a surpresa foi explicada por um menor avanço dos preços livres, que refletiu principalmente um nível mais baixo de alimentação no domicílio, especialmente por produtos in natura.
Como fica a Selic?
Para Claudia Moreno, economista do C6 Bank, o desempenho melhor do que o esperado do IPCA-15 pode aumentar a chance de não haver nova alta no juro básico na reunião de junho do Comitê de Política Monetária (Copom). “Por ora, mantemos nossa visão de que o Copom deve aumentar a Selic em 0,25 ponto percentual, para 15%, em junho, mas o dado de hoje aumenta a chance de os juros ficarem estáveis na próxima reunião”, escreveu ela em nota.